Biênio 2019/2021
O Núcleo Justiça de Transição é um dos Núcleos de Pesquisa ligados ao Centro Internacional de Direitos Humanos de São Paulo, vinculado à Cadeira San Tiago Dantas, da Academia Paulista de Direito (CIDHSP/APD).
Projeto
Contexto histórico
A herança de graves violações aos direitos humanos, deixada pelas ditaduras militares que se impuseram na América Latina entre as décadas de 1960 e 1980, deixou sequelas que ainda hoje impedem uma plena transição a regimes democráticos em muitos de seus países. Por democracia plena, entende-se não apenas a formalização do voto como mecanismo de eleição de autoridades públicas, mas como prática efetivada no respeito aos direitos humanos da população, assim como no funcionamento democrático das instituições públicas. Sem esse respeito fundamental ao ser humano, criam-se sociedades fundadas na violência e discriminação social, cujas raízes se afundam no passado colonial dos países latino-americanos. Inquirir nos processos que têm dado forma às transições políticas, assim como nos mecanismos criados para superar as graves violações aos direitos humanos no continente, representa um desafio que busca contribuir ao campo de estudo da Justiça de Transição.
O termo Justiça de Transiçãocomeçou a ser utilizado na década de noventa para referir-se ao conjunto de medidas empregadas por países da Europa Central e da América Central para enfrentar um passado recente de graves e sistemáticas violações aos direitos humanos. Como a expressão indica, a Justiça de Transição ocorre em períodos de transição entre um regime ditatorial ou autoritário a outro, democrático. Seus pilares são o direito à verdade, à memória, à reparação e à justiça, de maneira que são incentivadas medidas para efetivar esses direitos. Contudo, a análise das políticas de memória, verdade, justiça e reparação, implementadas em países da América Latina que passaram por longos períodos repressivos, levanta inúmeras questões sobre a forma como eles foram construídos, assim como sobre o seu impacto nos processos de transição, ou ainda sobre a sua eficácia para a superação do trauma vivido. Através de suas diferentes linhas de pesquisa, o Núcleo busca abrir um debate entre a teoria e a prática da justiça de transição com o objetivo de enriquecer a reflexão sobre a importância deste campo na construção de sociedades mais democráticas e, principalmente, como meio para impedir novas violações aos direitos humanos.
O que é?
O Núcleo Justiça de Transição é Núcleo de Pesquisa ligado do Centro Internacional de Direitos Humanos de São Paulo, vinculado à Cadeira San Tiago Dantas, da Academia Paulista de Direito (CIDHSP/APD), cujo propósito é contribuir ao debate acadêmico, político e social mediante pesquisa, reflexão e socialização de temas relacionados à Justiça de Transição. Com um enfoque interdisciplinar e transnacional, o Núcleo busca integrar em suas linhas de pesquisa o saber acadêmico, a reflexão política e a prática social sobre os eixos de memória e verdade, justiça e reparação, e reforma das instituições públicas em relação aos diferentes contextos sociais, políticos e econômicos que explicam os processos de transição vividos em países latino-americanos durante as últimas décadas. O Núcleo pretende ainda contribuir com a construção de uma sociedade mais democrática mediante a socialização de sua produção acadêmica em atividades de educação em direitos humanos, orientadas a estabelecimentos de ensino da rede pública e privada.
Objetivo geral
Desenvolver e socializar estudos sobre os temas de memória e verdade; justiça e reparação; e reformas das instituições públicas e sua relação com os diferentes contextos sociais, políticos e econômicos que explicam os processos de transição ocorridos em países latino-americanos.
Objetivos específicos
- Ampliar a compreensão sobre as graves e sistemáticas violações aos direitos humanos ocorridas na América Latina durante as ditaduras militares das décadas de 1960 e 1970.
- Produzir conhecimento crítico sobre as medidas e mecanismos adotados por diferentes países latino-americanos para efetivar os direitos à memória e à verdade, à justiça e à reparação.
- Socializar o conhecimento produzido pelo Núcleo através da publicação de artigos e mediante atividades orientadas a estudantes do ensino público e privado.
- Contribuir aos debates sobre Justiça de Transição na América Latina mediante uma análise teórica e prática dos mecanismos adotados pelos diferentes países.
Funcionamento
O Núcleo é composto, em seu início, por quatro Grupos ou Linhas de Pesquisa:
b) Justiça e Políticas de Reparação;
c) Reforma das Instituições Públicas;
d) Educação em Direitos Humanos.
Cada Linha ou Grupo será composta por um doutor ou doutorando, dois mestres ou mestrandos e dois graduados ou graduandos. Os temas de investigação serão definidos pelos integrantes de cada linha/grupo em conjunto.
Serão realizadas reuniões bimestrais de cada linha/grupo de pesquisa para apresentar avanços, discutir pautas de investigação, problemas encontrados durante a realização da pesquisa e sistematização dos resultados (relatório, artigo ou ensaio).
Também serão organizadas reuniões trimestrais com o conjunto de membros do Núcleo para apresentar avanços das diferentes linhas de pesquisas e propostas para a criação de materiais didáticos e organização de palestras, insumo central para o trabalho do /a Grupo/Linha Educação em Direitos Humanos.
Coordenadores
Maria Antonieta Mendizábal
Pesquisadoras/es
João Valentino Alfredo
André Ricardo dos Santos Lopes
Eduardo Vigorito Drigo
Fabrizio Conte Jacobucci
Fernanda Cláudia Araújo da Silva
Guilherme Vitor de Gonzaga Camilo
Helena Zani Morgado
João Cesário Neto
Luís Eduardo Alves de Loiola
Luiz Eduardo Camargo Outeiro Hernandes