RESUMO: Os val­ores e garan­tias fun­da­men­tais rela­ciona­dos aos Dire­itos Humanos são pilares da estru­tu­ra con­sti­tu­cional do Esta­do Brasileiro para garan­tia exis­ten­cial da pop­u­lação como um todo. Ess­es val­ores e garan­tias que a princí­pios dev­e­ri­am abri­gar sobre a tutela nor­ma­ti­va e mate­r­i­al todos os indi­ví­du­os da sociedade brasileira, com a uti­liza­ção de mecan­is­mos que impos­si­bil­i­tassem a omis­são per­ante os mais vul­neráveis, não cor­re­sponde ao que se espera do poder públi­co per­ante as neces­si­dades existên­cias dos mais vul­nerais. Partin­do da con­statação da real­i­dade omis­sa do poder públi­co, o arti­go a seguir tem como obje­ti­vo a análise da relação de omis­são e promis­cuidade da admin­is­tração públi­ca com o crime orga­ni­za­do nas regiões per­iféri­c­as, com a uti­liza­ção pesquisas em tri­bunais de justiça, arti­gos cien­tí­fi­cos, per­iódi­cos e livros que tratam da atu­ação do crime orga­ni­za­do, mais especi­fi­ca­mente sobre o Primeiro Coman­do da Cap­i­tal (PCC) em São Paulo e no que con­cerne na existên­cia de tri­bunais do crime – que con­stan­te­mente são divul­ga­dos pelos diver­sos setores da mídia, de modo a cri­ar uma quimera autori­tarista urbana – que tem como pitar estru­tur­al o medo e a vio­lên­cia exis­tentes nas comu­nidades, local onde a classe tra­bal­hado­ra vive e con­vive com a pre­sença do PCC. Nes­sas regiões é pos­sív­el perce­ber a existên­cia de uma “for­ma” de poder dis­ci­pli­nar, que está ali­a­da à auto­tutela do poder de “polí­cia” do crime orga­ni­za­do. Foi opor­tuno detec­tar que a per­ife­ria, for­ma­da por seres humanos his­tori­ca­mente despriv­i­le­gia­dos, sofre de punições pro­por­cionadas por uma junção do Esta­do com o crime orga­ni­za­do. A exclusão das per­ife­rias do aces­so as riquezas nacionais não per­mitem que os dire­itos fun­da­men­tais sejam obti­dos pela pop­u­lação per­iféri­ca, afi­nal é neste tipo de con­tex­to que a Teo­ria da Co-cul­pa­bil­i­dade do Esta­do – onde o Esta­do por sua omis­são estereoti­pa­da fab­ri­ca o per­fil de delin­quente e delin­quên­cia – desen­volvi­da por Euge­nio Raúl Zaf­fa­roni (1981), gan­ha for­ma per­ante as situ­ações de autode­ter­mi­nação e crim­i­nal­i­dade nes­sas regiões. Esse arti­go bus­cou elu­ci­dar os vetores sin­tomáti­cos de degradação das comu­nidades per­iféri­c­as, dev­i­do as ações e omis­sões empreen­di­das pelo Esta­do e suas con­se­quên­cias. Como tam­bém anal­is­ar como fun­ciona a estru­tu­ra de dom­i­nação do tra­bal­hador per­iféri­co e os fatores que impos­si­bili­tam a revol­ta gen­er­al­iza­da dessa pop­u­lação, vis­to que seus dire­itos, esper­anças e pro­jeção de igual­dade pro­gra­ma­dos pela Con­sti­tu­ição Fed­er­al de 1988 não se mostram reais até o pre­sente momen­to. 

PALAVRAS-CHAVE: Tri­bunal do crime. Tri­bunal do PCC. Auto­tutela. Junção Esta­do e Crime.

ABSTRACT: 

The fun­da­men­tal val­ues and guar­an­tees relat­ed to Human Rights are pil­lars of the con­sti­tu­tion­al struc­ture of the Brazil­ian State for the exis­ten­tial guar­an­tee of the pop­u­la­tion as a whole. These val­ues and guar­an­tees that, in prin­ci­ple, all indi­vid­u­als of Brazil­ian soci­ety should have under the nor­ma­tive and mate­r­i­al pro­tec­tion, with the use of mech­a­nisms that pre­vent omis­sion from the most vul­ner­a­ble, do not cor­re­spond to what is expect­ed of the pub­lic pow­er in view of the needs of the pub­lic. more vul­ner­a­ble. Start­ing from the ver­i­fi­ca­tion of the omit­ted real­i­ty of the pub­lic pow­er, the fol­low­ing arti­cle aims to ana­lyze the rela­tion­ship of omis­sion and promis­cu­ity of the pub­lic admin­is­tra­tion with orga­nized crime in the periph­er­al regions, using research in courts of jus­tice, sci­en­tif­ic arti­cles, peri­od­i­cals and books deal­ing with the activ­i­ties of orga­nized crime, more specif­i­cal­ly on the First Com­mand of the Cap­i­tal (PCC) in São Paulo and with regard to the exis­tence of crim­i­nal courts — which are con­stant­ly dis­sem­i­nat­ed by the var­i­ous sec­tors of the media, in order to cre­ate a chimera urban author­i­tar­i­an — which has the struc­tur­al fear and vio­lence exist­ing in the com­mu­ni­ties, where the work­ing class lives and lives with the pres­ence of the PCC. In these regions it is pos­si­ble to per­ceive the exis­tence of a “form” of dis­ci­pli­nary pow­er, which is cou­pled with the self-pro­tec­tion of the “police” pow­er of orga­nized crime. It was oppor­tune to detect that the periph­ery, formed by his­tor­i­cal­ly under­priv­i­leged human beings, suf­fers from pun­ish­ments pro­vid­ed by a com­bi­na­tion of the State and orga­nized crime. The exclu­sion of periph­eries from access to nation­al wealth does not allow fun­da­men­tal rights to be obtained by the periph­er­al pop­u­la­tion, after all it is in this type of con­text that the The­o­ry of Co-cul­pa­bil­i­ty of the State — where the State for its stereo­typed omis­sion pro­duces the pro­file of delin­quent and delin­quen­cy — devel­oped by Euge­nio Raúl Zaf­fa­roni (1981), takes shape in the face of sit­u­a­tions of self-deter­mi­na­tion and crim­i­nal­i­ty in these regions. This arti­cle sought to elu­ci­date the symp­to­matic vec­tors of degra­da­tion in periph­er­al com­mu­ni­ties, due to the actions and omis­sions under­tak­en by the State and their con­se­quences. As well as to ana­lyze how the struc­ture of dom­i­na­tion of the periph­er­al work­er works and the fac­tors that pre­vent the gen­er­al­ized revolt of this pop­u­la­tion, since their rights, hopes and pro­jec­tion of equal­i­ty pro­grammed by the Fed­er­al Con­sti­tu­tion of 1988 have not been real until the present moment. 

KEYWORDS: Court of crime. PCC Court. Self-care. Junc­tion State and Crime.

 

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