Na velha cidade do Rio de Janeiro, palco de tantas contradições e de inúmeros eventos da história do Brasil, realizou-se, nas últimas duas semanas, o encontro dos representantes dos Países membros do G20.
O G20 é um fórum intergovernamental, voltado a discutir temas contemporâneos, considerados de cunho econômico, como a estabilidade financeira, a mitigação dos efeitos da mudança climática e o desenvolvimento sustentável. Sua importância, contudo, supera o âmbito econômico, na exata medida de sua representatividade global, muito embora expressa em termos econômicos, segundo a doutrina até aqui prevalecente das relações internacionais. Assim, aproximadamente oitenta e cinco por cento do produto bruto mundial; setenta e cinco por cento do comércio internacional; setenta e oito por cento da população mundial; sessenta por cento da área territorial mundial e oitenta e quatro por cento da emissão de gás carbônico, pela utilização de combustível fóssil, no mundo.
Criado em 1999, possui como membros dezenove Estados nacionais (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), além das Uniões Africana e Europeia. Realiza reuniões anuais, com rotação de localidade e de presidência entre seus membros permanentes. Estas reuniões de cúpula participam, ainda, convidados permanentes (Organização das Nações Unidas, Organização Internacional do Trabalho, Organização Mundial do Comércio, Organização Mundial da Saúde, Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Nova Parceria para o Desenvolvimento da África e Espanha) e eventuais.
O Brasil, contudo, inovou, na estruturação do encontro, fazendo realizar, como ato preparatório e de inserção no encontro governamental, o G20 Social, voltado a reunir milhares de representantes de organizações não-estatais (ONG) de todo o mundo, em intensa agenda de conferências, debates, grupos de debates (veja, aqui, a programação completa). Culminaram com várias propostas substanciais tanto para a pauta do G20 governamental quanto para a reflexão de políticas públicas nacionais, regionais e internacionais, não apenas no âmbito dos membros da reunião de cúpula, sendo extraído um documento final, síntese das propostas (leia, neste link).
Numa lição para o mundo, o Brasil logrou fazer debater pela sociedade civil internacional os temas mais relevantes para a realidade atual das relações e do direito internacional, como a democracia, a superação definitiva da pobreza e as novas formas de governação internacional, mediante a pluralização de representatividade de Países e Povos.
Em tal âmbito, coube ao Instituto Novos Paradigmas tomar a iniciativa de liderar grupo importante de entidades brasileiras e internacionais, para a discussão e a elaboração de propostas concretas, consubstanciadas no documento 20 Propostas para o G20, de cuja construção participaram: Academia Paulista de Direito, Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil, Associação Oficina Comunitária de Arte e Trabalho, Associação Vida e Justiça, BRICS Policy Center, CAMP Escola do Bem Viver, Coletivo Brasileiro do Fórum Social Mundial, Common Action Forum — Madri, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, Instituto Sul-Americano para a Cooperação e a Gestão estratégica de Políticas Públicas, Instituto de Direitos Humanos, Instituto Democracia em Xeque, Instituto Diáspora Brasil — Estados Unidos, Instituto Futuro, Instituto Terramar, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Brasil Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, Processo de Articulação e Diálogo para a Cooperação Internacional no Brasil, SOS Corpo, Instituto Feminista para Democracia e Washington Brazil Office.
No dia 15 de novembro de 2024, no complexo olímpico, Museu do Amanhã, Armazém 2, reuniram-se oficialmente essas entidades, para evento de encerramento do Ciclo de Atividades Democracia, Equidade e Enfrentamento do Autoritarismo, com a apresentação de breves comunicações e debates, seguidos da leitura e do lançamento oficial do documento, que pode ser lido, por meio de acesso a este link, na Biblioteca da Academia Paulista de Direito.