A Academia Paulista de Direito foi fundada no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, centro da cidade de São Paulo, em 4 de agosto de 1972.
Ao assumir a Presidência da Academia Paulista de Direito, uma das mais importantes instituições jurídicas brasileiras, identifiquei desde logo a necessidade de pesquisar e recuperar seu tempo e seu espaço.
Memória, observatório, invenção e foco da participação no debate contemporâneo de renovação do direito e de sua prática, ao lado de outras artes e saberes.
Assim concebi minha missão na liderança da Academia, de construção do direito em sociedade, na união de esforços locais e internacionais para o alargamento do espaço e do tempo democráticos da justiça. Recuperar, construir e inventar a justiça, num tempo em que as injustiças são frequentes e os discursos oportunistas mancham os sentidos e impedem a reflexão e a ação coletiva.
Tempo e espaço da Academia projetam-se, voltam-se para o futuro, portanto para a participação e liderança de jovens, na imaginação e construção de mundos e de modos de fazer mundos, renovar o tempo e reordenar os espaços da intimidade e da convivência na sociedade política.
Modos de educar, dialogar e fazer, na construção da dignidade jurídica da política. Tempo e espaço da Academia conjugam-se também na recuperação e invenção de seus ideais de justiça. Foi o que chamei, em meu discurso de posse, de “processo civilizacional do direito”, em que a Academia, preparando-se para completar cinquenta anos, aparece como o mais recente fruto, e que pretende passar a exercer o papel de liderança no campo do direito e de seus profissionais.
Escrevi esses dois verbetes, relativos ao espaço (a sede) e ao tempo (a história) da Academia Paulista de Direito, com a intenção de iniciar a explicitação dessas ideias e dos projetos que engendrei para realizar uma ponte entre fundação e projeção.
São acompanhados pelo verbete relativo aos Acadêmicos atuais, antigos, honorários e eméritos, e fundadores e Patronos.
A sede da Academia é também sua sede de fazer justiça de um novo modo.
A história da Academia é memória de sua fundação e das atividades empreendidas por seus Acadêmicos e sucessivas presidências, mas também a sua refundação, por meio dos projetos que pretendo implantar e que já vão sendo desenvolvidos, sobretudo pelo novo site, pelas publicações: Polifonia: Revista Internacional da Academia Paulista de Direito; e Losango: Newsletter da Academia Paulista de Direito, e Breves Artigos: fórum de expressão, de debate e de difusão de ideias e livre pensamento; e pelos Centros, Institutos, Núcleos e Grupos de Pesquisa, Estudos e Atividades de Participação e Extensão à Sociedade.
São textos originais que redigi com o objetivo de refletir a partir da, e em direção à origem da Academia. Misto de narrativa e invenção originais, de pensamento radical: reflexão das raízes, fundacional e de renovação.
Os tempos e os espaços da Academia são a justiça e a democracia em movimento. Seus símbolos e sua missão expressam esse saber e essa prática. Saber e prática em processo, em uma expressão nova de universidade.
A escritura e a leitura desses textos, assim pretendo, são convites à participação e engajamento dos Acadêmicos, com seu conhecimento e diretriz fundamentais, verdadeiro cerne da existência da Academia, e da sociedade e jovens estudantes. Convites a pensar e a sentir seu lugar e seu tempo e participar do processo que os constitui, num enredo de movimento e sentido que está sempre a inventar e por realizar coletivamente.
Alfredo Attié Jr
Titular da Cadeira San Tiago Dantas
Presidente da Academia Paulista de Direito