A Revista FAPESP 215, de janeiro de 2014, trazia reportagem sobre o patrimônio do Museu Nacional — perdido em incêndio recente — e sua digitalização. Uma das jóias da coleção era a múmia da cantora-sacerdotisa Sha-amun-em-su, cujo significado seria “Os campos verdejantes de Amon”, deus egípcio para o qual a mulher entoava cantos, há 2800 anos, aproximadamente. O artigo e a digitalização podem, aqui, servir para lançar o iteresse a paixão pela memória, de que somos tão carentes. Será que o livro sobre o Brasil, pelo qual D.Pedro II recebeu em troca a múmia, ainda se conserva no Egito?
“O último ato da favorita do imperador”
Um livro por uma múmia. A troca foi boa para dom Pedro II, estudioso da cultura do antigo Egito. O imperador deu uma obra sobre o Brasil e, durante sua segunda viagem à terra dos faraós entre 1876 e 1877, recebeu de presente do quediva Ismail, então soberano local, um esquife lacrado. Dentro do caixão de madeira estucada e colorida havia a múmia de uma cantora-sacerdotisa que entoava cânticos sagrados no templo dedicado ao deus Amon, em Karnak, nos arredores de Tebas (atual Luxor). Essa mulher morreu com cerca de 50 anos durante a XXII dinastia, por volta de 750 a.C. O ataúde permaneceu no gabinete de Pedro II no palácio imperial da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, até 1889. Era um dos xodós do monarca, que, reza a lenda, trocaria até algumas palavras com o esquife. Com a proclamação da República, a múmia foi incorporada à coleção egípcia do Museu Nacional, que, desde 1892, ocupa a antiga residência da família real brasileira, hoje pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O texto de Marcos Pivetta, para a Revista Fapesp, com fotos de Eduardo Cesar, pode ser lido na íntegra:
O último Ato da Favorita do Imperador