O Desem­bar­gador Anto­nio Car­los Math­ias Coltro, um dos mais emi­nentes Acadêmi­cos Tit­u­lares da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, fale­ci­do em 7 de agos­to de 2023, foi Pres­i­dente do Tri­bunal Region­al Eleitoral de São Paulo e Vice-Pres­i­dente do anti­go Tri­bunal de Alça­da Crim­i­nal.

Nasci­do na cidade de São Paulo, em 1953, tornou-se bacharel em dire­ito pela Fac­ul­dade de Dire­ito de Ribeirão Pre­to “Lau­do de Camar­go”, da Uni­ver­si­dade de Ribeirão Pre­to, em 1976. Na mes­ma insti­tu­ição, espe­cial­i­zou-se em dire­ito proces­su­al civ­il.

Mestre em Dire­ito das Relações Soci­ais pela Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca de São Paulo, insti­tu­ição da qual foi regente de ensi­no, por vários anos.

Ini­ciou sua car­reira na mag­i­s­tratu­ra paulista, em 1978, após aprovação em con­cur­so públi­co. Foi Juiz-Sub­sti­tu­to na Comar­ca de Ribeirão Pre­to, onde mil­i­ta­va, na advo­ca­cia, seu tio Romeu Coltro, juiz aposen­ta­do do Tri­bunal de Justiça de São Paulo, que real­i­zou, ao lado do então juiz de dire­ito, depois desem­bar­gador do Tri­bunal de Justiça, Anto­nio Marza­gão Bar­b­u­to,o primeiro con­cur­so para escrevente judi­ciário da história do TJ paulista.

Coltro ain­da seria Juiz do extin­to Tri­bunal de Alça­da Crim­i­nal de São Paulo, antes de se tornar desem­bar­gador. No TJSP, inte­grou o Órgão Espe­cial e a coor­de­nação da Dire­to­ria de Apoio aos Servi­dores. Ain­da Juiz de Dire­ito, foi, por vários anos, asses­sor dos órgãos de direção do tri­bunal paulista.

Foi, ain­da, Pres­i­dente do Colé­gio de Pres­i­dentes dos Tri­bunais Region­ais Eleitorais.

Mag­istra­do ínte­gro e estu­dioso, per­tenceu ao Insti­tu­to Brasileiro de Dire­ito de Família e foi Pres­i­dente do Insti­tu­to Brasileiro de Dire­ito Con­sti­tu­cional, no qual real­i­zou vários even­tos, quan­do o insti­tu­to era pre­si­di­do por sua pro­fes­so­ra Maria Gar­cia. Quan­do rece­beu o títu­lo de mem­bro eméri­to do Insti­tu­to dos Advo­ga­dos de São Paulo, rev­el­ou sua admi­ração pela Pro­fes­so­ra. Em out­ra cer­imô­nia, no Palá­cio da Justiça, con­tou de sua admi­ração, tam­bém, pelo poeta Paulo Bon­fim, com quem teve relação muito próx­i­ma, quase fil­ial.

Con­heci Math­ias Coltro em even­to do Tri­bunal Eleitoral, em que palestra­va ao lado do Advo­ga­do José de Cas­tro Bigi” — con­ta o Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Alfre­do Attié. “Da plateia — prossegue —, sem me iden­ti­ficar, jovem juiz, diri­gi aos palestrastes uma inda­gação, fazen­do breve comen­tário ao teor de suas palestras, relacionando‑o a temas da teo­ria políti­ca e con­sti­tu­cional. Coltro me procurou, logo a seguir ao even­to, após ter-me dirigi­do elo­gios — uma mar­ca de sua gen­erosi­dade —, ain­da durante sua preleção. Que­ria saber quem eu era. Apre­sen­tei-me. Ele me disse, então, que já me con­hecia, assim como me rev­el­ou que nos­sos tios, Romeu Coltro e Anto­nio Bar­b­u­to havi­am sido cole­gas na mag­i­s­tratu­ra e eram muito ami­gos. Feliz coin­cidên­cia. Reen­con­trei Coltro, alguns anos depois, quan­do exer­cia a judi­catu­ra no TRE-SP. Con­ver­samos sobre o dire­ito con­sti­tu­cional. Coltro me apre­sen­tou a obra recém-lança­da de Gilmar Mendes, sobre o con­t­role de con­sti­tu­cional­i­dade. Disse, ain­da gen­til­mente, que havia lido meus arti­gos, pub­li­ca­dos nos Cader­nos de Dire­ito Con­sti­tu­cional e Eleitoral, coor­de­na­dos pelo saudoso Anto­nio Car­los Mendes, seu dile­to ami­go, bril­hante Procu­rador da Repúbli­ca, Procu­rador Eleitoral e Pro­fes­sor. Envolvi­dos nos afaz­eres docentes e da mag­i­s­tratu­ra, só fomos nos encon­trar muito tem­po depois, quan­do assu­mi a Presidên­cia da APD. Que­ria que escrevêsse­mos jun­tos um livro sobre dire­itos humanos na Con­sti­tu­ição. Não hou­ve tem­po, lamen­tavel­mente, para con­cretizarmos esse seu pro­je­to. A mag­i­s­tratu­ra e a sociedade dos juris­tas per­dem um grande ser humano e um exem­p­lo de ded­i­cação à judi­catu­ra. Deixa nos­sa con­vivên­cia um queri­do ami­go.”