Há dezoito anos que ten­ho con­ta­to com a leiloaria, sendo que no ini­cio ingres­sei nesse mun­do apaixo­nante, quan­do entrei em um auditório de leilões pela primeira vez, me lem­bro como se fos­se ontem. Entrei para arrematar meu primeiro car­ro, me apaixonei ime­di­ata­mente por todo o con­tex­to da leiloaria. Mes­mo já estando esta­b­ele­ci­do em out­ra área de atu­ação , encer­rei todas as min­has ativi­dades profis­sion­ais para entrar total­mente no mun­do dos leilões, arrematan­do e venden­do bens  em has­ta públi­ca. Par­ticipei de mais de 300 leilões até o momen­to, sendo eles judi­ci­ais, extra­ju­di­ci­ais e de artes, sendo grande parte no Brasil, mas tam­bém na Europa, EUA e Ori­ente Médio, e mes­mo depois de par­tic­i­par tan­tos leilões, quan­do começa um leilão o coração bate mais forte.

Com essa paixão que só cres­cia, e a atu­ação efe­ti­va nos leilões pos­so diz­er que par­ticipei de todas as fas­es do leilão, pois com­prei, asses­sor­ei pes­soas para com­prar em leilão e por fim, em 2013, depois de tan­ta ded­i­cação e esforço, fui nomea­do pelo Gov­er­no do Esta­do de São Paulo, através da Jun­ta Com­er­cial para exercer a função de Leiloeiro Ofi­cial Públi­co, onde des­de então atuo com car­in­ho, esmero, amor, e empen­ho por esta profis­são que me traz tan­tas ale­grias.

Claro que como todas as profis­sões têm bons e maus momen­tos, mas sem­pre é tudo muito com­pen­sador quan­do tra­bal­hamos com amor e ded­i­cação.

O lado bom da profis­são de leiloeiro é que graças á bati­da do meu mal­hete, eu pos­so faz­er o bem através de varias funções, mas par­tic­u­lar­mente a que mais me aque­ce o coração são os leilões benef­i­centes que já tive a hon­ra de faz­er para insti­tu­ições de com­bate ao câncer infan­til e com­bate a fome.

Uma grande exper­iên­cia pos­i­ti­va foi a ven­da de uma plan­ta indus­tri­al em leilão, onde eu pude acon­sel­har os arrematantes para não des­ocu­par a fábri­ca e sim através de uma con­cil­i­ação, eles  nego­cia­ram um aluguel con­vida­ti­vo para ambos lados, que acabou man­ten­do por muitos anos a grande indús­tria lá insta­l­a­da, e con­se­quente­mente man­tiver­am os empre­gos de cen­te­nas de pes­soas, man­ten­do, assim,  a dig­nidade humana de cen­te­nas de famílias, este foi uma grande sat­is­fação pes­soal que tive nes­ta lon­ga cam­in­ha­da.

Out­ro lado pos­i­ti­vo é quan­do pelas min­has mãos foi leiloa­do um grande ter­reno em uma região mais car­ente de São Paulo, e um dia andan­do de car­ro eu ver­i­fiquei que estavam sendo con­struí­dos pré­dios para mora­dia para a real­iza­ção do son­ho da casa própria para muitas pes­soas, pré­dios este que abri­garão mais de 500 unidades, onde , além de uma lar, pas­sam a res­gatar a dig­nidade de ter um endereço cer­to.

Uma dica muito impor­tante é que leilão é a for­ma mais segu­ra e lucra­ti­va de com­pra, e atual­mente o leilão é uma das mel­hores for­mas de obtenção de lucro, pois com a crise de empre­gos que asso­la nos­so país, muitos brasileiros estão investin­do o pouco din­heiro que sobrou em: obje­tos, veícu­los, maquinas e imóveis advin­dos de leilões para pos­te­ri­or reven­da e assim sus­ten­tar suas famílias.

Quan­do eu falo segu­ra, decorre de ser uma ven­da fei­ta por um leiloeiro ofi­cial, que traz cred­i­bil­i­dade e segu­rança, o leilão atual­mente é procu­ra­do pois com até 50% do val­or real do bem as famílias con­seguem com­prar a casa própria, que pelas vias nor­mais não con­seguiri­am.

Emb­o­ra muitas pes­soas achem  que leilão é um bicho de sete cabeças, não é ver­dade , mas sim requer atenção no detal­hamen­to do edi­tal, assim bas­ta ler com cautela o edi­tal, de for­ma deti­da, anal­is­ar o bem, e ter infor­mações de val­ores, que hoje com a tec­nolo­gia é muito fácil, anal­is­ar se o bem ”leiloa­do” tem divi­das que recaem sobre ele, e se elas serão sub-rogadas, faz­er as con­tas de for­ma clara. E nun­ca ultra­pas­sar os lances pre­vis­tos, pois o leilão meche com a emoção.

Des­ta for­ma sem­pre é bom ter cautela, mas em um grande modo ger­al as opor­tu­nidades em sites e auditórios de leilões são bem con­vida­ti­vas.

Mas toda profis­são tem seu lado neg­a­ti­vo, e muito me chateia quan­do somos para algu­mas famílias o “algoz”, aque­le que é nomea­do para leiloar um imóv­el que uma vez arremata­do dev­erá ser des­ocu­pa­do por uma família. Mas infe­liz­mente são ossos do ofi­cio, e temos que cumprir as ordens e a tare­fa dada.

Out­ro lado muito indi­gesto dos leilões, lado este que eu ten­to dura­mente com­bat­er, são as máfias dos leilões, que infe­liz­mente, muitas vezes são tam­bém profis­sion­ais do dire­ito, pagos para frau­dar e tur­bar leilões.
Nes­ta min­ha cam­in­ha­da, viven­ciei duas tristes situ­ações, uma de uma grande empre­sa con­sid­er­a­da “abutre do mer­ca­do”, da qual rece­bi ameaças, e ten­ta­ti­va de cor­rupção para vender o deter­mi­na­do bem dire­ta­mente “sem con­cor­rên­cia”, e como não fiz sofri e ain­da sofro grandes con­se­quên­cias, tan­to na vida profis­sion­al quan­to pes­soal, pois bus­co a apu­ração e a justiça para que seja sem­pre dig­nifi­ca­do o meu ofí­cio. Mas con­fi­amos na justiça e ten­ho certeza que ela pen­derá para o lado das pes­soas hon­es­tas e de bem.

Nes­ta mes­ma esfera, tive a opor­tu­nidade de cur­sar em Israel, regras do dire­ito talmúdi­co, crimes e fraudes envol­ven­do proces­sos de exe­cução. Emb­o­ra muitos não saibam a leg­is­lação brasileira é muito categóri­ca, e assim,  frau­dar, tur­bar e afas­tar lic­i­tantes de um leilão é crime, tip­i­fi­ca­do na esfera cív­el e crim­i­nal. Nos arti­gos 186 e 927 do Códi­go Civ­il e estão sujeitos as penal­i­dades do arti­go 358 do Códi­go Penal Brasileiro:
Art. 358 — Impedir, per­tur­bar ou frau­dar arrematação judi­cial; afas­tar ou procu­rar afas­tar con­cor­rente ou lic­i­tante, por meio de vio­lên­cia, grave ameaça, fraude ou ofer­ec­i­men­to de van­tagem: Pena — detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou mul­ta, além da pena cor­re­spon­dente à vio­lên­cia.

Mas no ger­al pesan­do os dois lados da bal­ança, o leilão é min­ha vida e o lado pos­i­ti­vo é muito maior, sou gra­to por ter escol­hi­do esta profis­são tão afor­tu­na­da que pos­so aju­dar tan­tas famílias e tan­tas cri­anças e pes­soas através dos leilões benef­i­centes cuja arrecadação final aju­da a prop­i­ciar cura de doenças e o com­bate da fome. Isto me trás forças para seguir em frente e faz­er o bem aos neces­si­ta­dos.

Para mel­hor atu­ação como leiloeiro me apri­mor­ei em comu­ni­cação para mel­hor entrosa­men­to com o meu públi­co.

Por fim, sou um apaixon­a­do pela min­ha família, e ten­to levar orgul­ho e caráter para min­has fil­has, mostran­do que com o bem o cam­in­ho é lon­go, mas muito pre­cioso.

Sami Raich­er
Bacharel em dire­ito, com cur­sos de exten­são em Israel e Esta­dos Unidos lig­a­dos ao dire­ito, exe­cução e fraude a proces­so de leilão, dire­ito talmúdi­co