A ADPF 442[1] e a decisão do HC 124.306[2] pela 1ª Tur­ma acir­ram um polêmi­co debate quan­to à legit­im­i­dade do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) para decidir sobre a con­sti­tu­cional­i­dade da crim­i­nal­iza­ção do abor­to. Neste breve tex­to, con­sideran­do o con­tex­to políti­co-insti­tu­cional brasileiro, bus­care­mos refu­tar os argu­men­tos que usual­mente são mobi­liza­dos para con­tes­tar a legit­im­i­dade da Corte para decidir a con­tro­vér­sia con­sti­tu­cional sus­ci­ta­da. Uma con­sid­er­ação prévia a ser fei­ta é que não pre­tendemos aden­trar o méri­to da questão, mas ape­nas nos debruçar sobre os argu­men­tos quan­to à legit­im­i­dade do STF para deci­di-la. Os argu­men­tos con­trários já são bas­tante difun­di­dos, e apare­cem no debate na for­ma de duas proposições prin­ci­pais (i) uma even­tu­al decisão do STF sobre a descrim­i­nal­iza­ção do abor­to vio­lar­ia a sep­a­ração de Poderes, princí­pio fun­da­men­tal con­sagra­do no art. 2º da CR/88, e (ii) é com­petên­cia do Leg­isla­ti­vo decidir sobre a questão, sendo ele a “ver­dadeira casa do povo” e insti­tu­ição gen­uina­mente democráti­ca e rep­re­sen­ta­ti­va. Os argu­men­tos favoráveis, por sua vez, não gozam de taman­ha pop­u­lar­i­dade. Por con­ta dis­so, opta­mos por estru­tu­rar nos­so tex­to de for­ma a respon­der a ess­es dois prin­ci­pais argu­men­tos.

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