Em meio à Bib­liote­ca da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, ao con­tex­to social da crise democráti­ca, e aos acon­tec­i­men­tos recentes da políti­ca e da justiça brasileira, está o sóbrio estu­do de Lui­gi Fer­ra­joli, que foi Pro­fes­sor e Dire­tor da Fac­ul­dade de Dire­ito da Uni­ver­si­dade de Cameri­no, apro­pri­ada­mente chama­do de Dire­ito e Razão.

Fer­ra­joli é o maior rep­re­sen­tante da teo­ria do garan­tismo con­sti­tu­cional e penal.

O  livro de Fer­ra­joli foi traduzi­do para a lín­gua por­tugue­sa pelo Acadêmi­co Tit­u­lar da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Fauzi Choukr, e pelos Pro­fes­sores Juarez Tavares, Ana Paula Zomer Sica e Luiz Flávio Gomes, e edi­ta­do pela Sarai­va, estando já em quar­ta edição, 2014.

Ao pref­a­ciar a obra, em 1989, Nor­ber­to Bob­bio, clas­si­f­i­can­do seu autor entre os pos­i­tivis­tas e os ilu­min­istas, enal­tece a con­strução críti­ca da argu­men­tação, e sub­lin­ha: “não é casu­al que, na pági­nas finais, Fer­ra­joli cite com hon­ra o pre­cioso pequeno livro de Jher­ing, A luta pelo Dire­ito, no qual a luta pelo dire­ito se apre­sen­ta como um dev­er para nós mes­mos e para os demais. Não é por aca­so que nas mes­mas pági­nas se recu­pere com hon­ra o princí­pio da “garan­tia social”, enun­ci­a­do no art. 23 da Con­sti­tu­ição france­sa de 1793, defini­da como a ação de todos para asse­gu­rar a cada um o gozo e a con­ser­vação de seus dire­itos. Para­doxal­mente, para con­cluir, até mes­mo o mais per­feito sis­tema do garan­tismo não pode encon­trar em si mes­mo sua própria garan­tia e exige a inter­venção ati­va por parte dos indi­ví­du­os e dos gru­pos na defe­sa dos dire­itos que, ain­da quan­do se encon­trem nor­ma­ti­va­mente declar­a­dos, nem sem­pre estão defin­i­ti­va­mente pro­te­gi­dos.

Uma advertên­cia fun­da­men­tal, diante da exal­tação de âni­mos pre­sente em todo mun­do, mas sobre­tu­do diante da ameaça aos dire­itos humanos, à democ­ra­cia e à própria humanidade, rep­re­sen­ta­da pela ascen­são dos regimes autoritários e a sedução dos órgãos judi­ciários diante das fal­sas promes­sas das mentes que se con­sid­er­am ilu­mi­nadas, ilu­di­das por se dese­jarem con­du­toras de um tem­po inal­cançáv­el. É na democ­ra­cia e na con­vivên­cia de respeito pelos dire­itos humanos que se con­strói o futuro.