A reflexão a seguir, contribuição para os Breves Artigos da Academia Paulista de Direito, é de autoria do jurista Luiz Antonio Sampaio Gouveia, Conselheiro do Instituto dos Advogados de São Paulo, do qual é Orador Oficial, Mestre em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Especialista em Administração Contábil e Financeira pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, e em Direito Penal Econômico, pela GVLAW, da mesma instituição. Foi Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de São Paulo, e da Associação dos Advogados de São Paulo. É CEO de Sampaio Gouveia Advogados.
Vale a leitura.
Obrigado Bolsonaro!
Luiz Antonio Sampaio Gouveia
Muitos me perguntam porque chamo Bolsonaro de Capitão Xiririca. É porque Xiririca, atual Eldorado Paulista, onde ele cresceu, era o fim da linha. Creio que de um ramal da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, que demandava o Vale do Ribeira. Para onde o velho PRP – Partido Republicano Paulista -, que comandou a oligarquia da política do Café com Leite, na Velha República, mandava seus funcionários desafetos. Delegados de Polícia e outros funcionários caídos em desgraça com os coronéis. Nem sempre das mariposas da noite, que as admiro. Mas que eram mestres no meretrício político.
O General Luiz Eduardo – que foi comandante militar do Sudeste, em São Paulo -, e a quem meus amigos, amigos do meu amigo Aldo Rebelo, grande brasileiro, que foi Ministro da Defesa, quiseram que eu fosse conhecer, certa vez, dissera à Andréia Sadi, da Rede Globo, que Bolsonaro era um predestinado. Claro que estranhei muito e todo dia me perguntara, predestinado, a quê?
Hoje vejo que o General, segundo se noticia, com o polêmico General Heleno, esse que não viu um sargento entrar em avião da comitiva do Presidente, a caminho da Europa, com cocaína, a traficar na Espanha, estão em escanteio e maltratados e já abandonados por Bolsonaro. Como tantos que, no passado, o apoiavam. Desde um advogado carioca (lutador de judô), o Gustavo Bebiano, idealista, que trabalhava com o Sérgio Bermudez, que o fez Presidente e até a Joyce Hasselman e tantos outros que Bolsonaro vai abandonando, pelo caminho, quando não o servem mais.
Bolsonaro me deixa arrepiado. Quando vejo que até o polêmico advogado Wassef, muito influente na politização de nosso Judiciário, já influi em nomeações para o STJ e quem sabe se não, para o STF?
Também, perplexo! Porque vejo que já para 2022, o Brasil mostrará taxas de desenvolvimento melhores. Com decréscimo da taxa de desemprego. Além de Bolsonaro ter a seu favor o marco do saneamento, a independência do Banco Central e outras cositas mais, como disse à Veja, o candidato a Presidente, pelo Novo, genro do Abílio Diniz e filho do meu amigo Aluísio Ávila, gente muito boa.
Mas mesmo assim, o Capitão Xiririca dá murro em ponta de faca. Agredindo o Judiciário e as urnas eletrônicas. Quando poderia capitalizar esses acertos, a despeito do povo que vai morrendo pelas ruas, abandonado há séculos, mas hoje muito mais. Seria doido? Não sei!
Ruy Castro, em antológico artigo na Folha, diz que Bolsonaro quer a guerra civil. Pode ser! É que seus filhos já estão nos Estados Unidos, pelo menos o Eduardo e o vereador carioca, Carlos. Mas talvez logo, o Senador Flávio, também, que me parece o mais lúcido dos irmãos. Quem sabe se não já lá, eles estão protegidos no faroeste do maluco do Trump. Onde Eduardo seria embaixador, já que sabia fritar hambúrguer. Porque o Presidente está com medo de ir em cana. Sozinho ou com os filhos. Ao contrário de mitos como Tiradentes, por exemplo, que nunca tiveram medo de cadeia, em defesa dos seus mitos e ideais.
Vejam! Bolsonaro não é trouxa! Sabe que está bagunçando o coreto, que não ganha a eleição e se borra todo. Como quando tentou o golpe de 7 de setembro último e correu a pedir arrego a Temer porque sua comédia não dera certo.
Para mim, já decidi! Estou para liquidar a fatura no primeiro turno. Do primeiro turno, no primeiro domingo de outubro, até o último domingo mesmo mês, como manda a Constituição, o Brasil não aguenta mais o cercadinho e o palavrório insensato.
Bem ou mal! Entretanto e pelo menos, o Brasil terá o direito a viver. A gente se vira com quem for. Mas nem pense Lula que, caudilho, haverá de ver que o Brasil não é o mesmo de seu passado e que a sociedade civil mudou. Contudo com Bolsonaro, não dá! Entretanto a democracia sairá fortalecida disto tudo. Aguardem! Acredito no Brasil!
Mas voltando ao General Luiz Eduardo, que foi nosso adido militar em Israel e fala hebraico, podendo ser seferadita, como eu, pode ser mesmo que Bolsonaro seja um predestinado. Agora sei a quê.
Suas inconstâncias despertaram a sociedade civil. Uniu‑a por um projeto social democrata para o Brasil. Como se diria antigamente, do Prata ao Amazonas, nesta grande Nação. Tudo começando nas nossas Arcadas. A única coisa que mais amo que Santa Cruz do Rio Pardo, berço de meus sonhos que, das Arcadas, cultivo.
No dia 11 de agosto, o patriotismo de seu Diretor, o Professor Celso Fernandes Campilongo, vai fazer jorrar deste marco a Liberdade, que é o ponto de partida de todas as aspirações do Brasil, como é o Largo de São Francisco, na poesia do Mestre Goffredo.
Um grito pela Democracia, que se complementa, agora, com o Manifesto da FIESP, pelo Estado de Direito. Que creiam vai mudar o Brasil!
Luiz Gonzaga Belluzzo – antigo aluno das Arcadas, como o Luiz Antonio de Oliveira Lima, irmão de meu grande amigo Limão, que também do Largo, que não sei onde e como anda e igualmente como Angarita e Maria Garcia e tantos outros que fomos continuar na FGV, os sonhos das Arcadas -, escreveu sobre a Carta aos brasileiros e brasileiras, destacando um trecho desta correspondência.
“Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito mais há de ser feito. Vivemos em um país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante de seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude”.
Talvez tudo explique a espiritualidade dos meninos de 32, que, rondando, as Arcadas, no dizer de Guilherme de Almeida,
“Viveram pouco para viver bem, morreram jovens para viver sempre”,
por uma Constituição para o Brasil, que Bolsonaro quer rasgar. Porque não sabe o que é e nem para que serve.
Ou uma tumba igualmente espiritualizada a repousar eternamente no coração das Arcadas. Que fala de um mito real! A Burschenschaft, que diz da Liberdade verdadeira. Que não é aquela que pensa e fala o Bolsonaro a livrá-lo do xadrez.
Alguém me perguntaria. Mas a Burschenschaft existe? Não sei! Perguntem a Severo Gomes e Ulisses Guimarães, se puderem, quando nos encontrarmos nas nuvens da verdadeira Liberdade com eles.
Mas para isto é preciso saber, o que é a Constituição Cidadã. Talvez ela seja a Bíblia da religião das Arcadas.
De repente, Xiririca, fim de linha, virou ponto de partida para um outro Brasil.
Obrigado, Bolsonaro! Boa viagem! Crie juízo e seja feliz!
O Brasil vai renascer dia 11 de agosto! As dores do parto Liberdade e da emancipação do glorioso brasileiro estão no fim. Elas vão vencer! Para valerem!