Em impor­tante arti­go pub­li­ca­do no jor­nal O Esta­do de S. Paulo, o Acadêmi­co Tit­u­lar da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito Anto­nio Clau­dio Mariz de Oliveira crit­i­ca de modo con­tun­dente o pro­je­to do gov­er­no fed­er­al denom­i­na­do de “anti­crime”: “não é um instru­men­to de com­bate à crim­i­nal­i­dade”, afir­ma,  pois “não evi­ta o crime e, por­tan­to, não pro­tege os val­ores soci­ais, que dev­e­ri­am ser res­guarda­dos … pelo Dire­ito Penal”,  “ape­nas endurece as punições e difi­cul­ta a defe­sa… No afã de punir mais e mais, sem nen­hu­ma con­sid­er­ação pelo crime cometi­do ou pela indi­vid­u­al­iza­ção da pena… não se leva em con­ta o per­ni­cioso sis­tema pen­i­ten­ciário, que aumen­ta o grau de per­icu­losi­dade de quem sai do cárcere.”

A con­clusão impor­tante de Mariz é a de que “a questão do pro­je­to não se restringe ao debate no cam­po de duas posições diver­sas: de um lado, a que con­sid­era que o sis­tema penal deve ter como escopo exclu­si­vo punir, sem nen­hu­ma out­ra con­sid­er­ação sobre o fenô­meno crim­i­nal. No lado opos­to está o entendi­men­to de que todo o arcabouço penal deve estar volta­do não só para a punição, mas tam­bém para a preser­vação da dig­nidade e dos dire­itos con­sti­tu­cionais e legais do acu­sa­do. Na real­i­dade, o pro­je­to extrap­o­la os lim­ites do sis­tema penal. Ele traz no seu bojo a semente de um Esta­do autoritário, abso­lu­ta­mente incom­patív­el com o Esta­do Democráti­co de Dire­ito. Nesse sen­ti­do, os riscos para a sociedade brasileira são reais, uma vez que todo cidadão poderá ser atingi­do no exer­cí­cio de seus dire­itos e pre­rrog­a­ti­vas.”

Leia, aqui, o arti­go, impor­tante con­tribuição para a com­preen­são dos riscos de uma políti­ca volta­da con­tra a cidada­nia: “hoje os alvos são acu­sa­dos e con­de­na­dos, aman­hã poder­e­mos ser todos nós.”