Na próx­i­ma quin­ta-feira, dia 11 de jun­ho, o Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Alfre­do Attié, prossegue com as con­ver­sas e os debates da TV Acad­e­mia, receben­do Hamil­ton Faria, para explo­rarem jun­tos o tema da Feli­ci­dade e do Bem Viv­er, refletindo sobre novos cam­in­hos para a humanidade, para a vida na cidade, na bus­ca daqui­lo que o filó­so­fo equa­to­ri­ano Alber­to Acos­ta chama, inspi­ra­do pelas exper­iên­cias de vida e de pen­sa­men­to indí­ge­nas do Equador e da Bolívia, de “Filosofia Del Buen Vivir”.

O con­ceito tem sido explo­rado por vários pen­sadores, em todo o Mun­do, mas prin­ci­pal­mente na Améri­ca Lati­na. Enrique Dus­sel, por exem­p­lo, que antes desen­volveu uma ten­ta­ti­va de pen­sa­men­to autônomo para os povos lati­no-amer­i­canos, a par­tir da con­cecpção da chama­da Filosofia da Lib­er­tação, que encon­tra­va seu para­le­lo na Teolo­gia da Lib­er­tação, e com­ple­men­ta os esforços de Paulo Freire, e sua Ped­a­gogia do Oprim­i­do, ou ped­a­gogia lib­er­ta­do­ra, para a fun­dação de um princí­pio e um ciclo de saberes con­tra-hegemôni­cos, que se façam pelo povo e a par­tir do povo, ao lado do povo, no que se pode chamar de uma nova visão da democ­ra­cia.

Acos­ta sub­lin­ha que o bem viv­er pre­coniza “una cos­mo­visión difer­ente a la occi­den­tal al sur­gir de raíces comu­ni­tarias no cap­i­tal­is­tas. Rompe por igual con las lóg­i­cas antropocén­tri­c­as del cap­i­tal­is­mo, en tan­to civ­i­lización dom­i­nante, y con los diver­sos social­is­mos real­mente exis­tentes has­ta aho­ra, que deberán repen­sarse des­de pos­turas socio-biocén­tri­c­as y que no se actu­alizarán sim­ple­mente cam­bian­do de apel­li­dos. No olvidemos que social­is­tas y cap­i­tal­is­tas de todo tipo se enfrentaron y se enfrentan aún en el cuadrilátero del desar­rol­lo y del pro­gre­so.” Por­tan­to, seria uma exper­iên­cia de vida, mais do que uma sim­ples teo­ria, e, além dis­so, mais mes­mo do que uma práti­ca sep­a­ra­da do pen­sa­men­to e da críti­ca, mera­mente instru­men­tal. Pres­su­po­ria desven­cil­har-se de cat­e­go­rias que levaram à destru­ição da natureza, mas sobre­tu­do da relação do homem com o ambi­ente.

Hamil­ton Faria é poeta, sociól­o­go, autor de vários livros e pub­li­cações. Foi sócio- fun­dador e orga­ni­zador do Insti­tu­to Polis e seu pres­i­dente de 1995–1999 e seu dire­tor por quase quinze anos. Foi tam­bém dire­tor do Insti­tu­to de Plane­ja­men­to Region­al e Urbano — Urplan da PUCSP- São Paulo e cri­ador da Rede Mundi­al de Artis­tas. Foi pro­fes­sor da FAAP e no cur­so de Políti­cas Cul­tur­ais da Uni­ver­si­dade Metodista. Per­tence aos Con­sel­hos da Ação Educa­ti­va, da CNTU, e é asso­ci­a­do da União Brasileira de Escritores ‑UBE. Rece­beu prêmios, hom­e­na­gens e par­ticipou de antolo­gias de tex­tos literários e cul­tur­ais em vários país­es.

Hamil­ton Faria acred­i­ta na mudança da sociedade pelo bem viv­er, pela cul­tura de paz e pelo reen­can­ta­men­to do mun­do. Dis­cor­rerá sobre sua exper­iên­cia, no mun­do da poe­sia, do ensaio, mas sobre­tu­do sua devoção ao buem vivir, e as pro­postas que con­cede para a trans­for­mação da vida no sécu­lo XXI. Hamil­ton gos­ta de salien­tar que não se tra­ta de ser agente ou ativista dessas causas, sub­lin­han­do o ter­mo“artivista,” que des­igna a cri­ação em seu sen­ti­do mais orig­i­nal.

Alfre­do Attié, que é Doutor em Filosofia da USP, Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas, Embaix­ador da Paz e um dos intro­du­tores e prin­ci­pais respon­sáveis pela dis­sem­i­nação no Brasil da cul­tura da solução pací­fi­ca de con­fli­tos, da arbi­tragem, da medi­ação e de out­ros meios autônomos de solução e trans­for­mação das relações jurídi­co-políti­cas e sócio-econômi­cas,  vai desen­volver uma com­para­ção entre o buem vivir andi­no e as per­spec­ti­vas dos indí­ge­nas brasileiros, a par­tir da recu­per­ação das exper­iên­cias do que já se chamou de “Stone Age Economiscs” e de “Société con­tre l’É­tat”, assim como daqui­lo que a rica etnolo­gia dos povos orig­inários sul-amer­i­canos per­mi­tiu recon­stru­ir, e que foi obje­to de sua tese “Sobre a Alteri­dade: Para uma Críti­ca da Antropolo­gia do Dire­ito”, pub­li­ca­da pela Edi­to­ra Ser­gio Fab­ris, de Por­to Ale­gre, sob o títu­lo “A Recon­strução do Dire­ito: existên­cia, liber­dade, diver­si­dade”, em 2003.

Será uma boa opor­tu­nidade para todas e todos par­tic­i­parem, sig­nif­i­can­do mais um esforço da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito de, recu­peran­do o per­cur­so do que Attié chama de dig­nidade do dire­ito, apon­tar e procu­rar em con­jun­to novas exper­iên­cias da vida em comum.

O encon­tro mar­cará, tam­bém, mais uma ativi­dade do Cen­tro Inter­na­cional da Paz, Justiça, Sol­i­dariedade e Trans­for­mação de Con­fli­tos — ACADEMIA DA PAZ  (veja aqui seu pro­je­to)-, vin­cu­la­do à Cadeira San Tia­go Dan­tas.