O Lab­o­ratório de Análise e Proces­sa­men­to de Ima­gens de Satélites — LAPIS, da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Alagoas — UFAL, anun­ciou, na man­hã de hoje, ter detec­ta­do, a par­tir da obser­vação e inter­pre­tação de ima­gens ger­adas por satélites espa­ci­ais, a pos­sív­el origem da man­cha de óleo, que cau­sou desas­tre ambi­en­tal na cos­ta brasileira.
A imagem obti­da, segun­do Hum­ber­to Bar­bosa, do LAPIS, indi­caria um vaza­men­to que tem origem sub­aquáti­ca,  “um enorme vaza­men­to de óleo, em for­ma­to meia lua, com 55 km de exten­são e 6 km de largu­ra, a uma dis­tân­cia de 54 km da Cos­ta do Nordeste. O local fica no Sul da Bahia, nas prox­im­i­dades dos municí­pios de Ita­ma­ra­ju e Pra­do.”

Com base no proces­sa­men­to das ima­gens ger­adas pelo satélite  Sen­tinel-1A, obser­vadas por três sem­anas, Hum­ber­to Bar­bosa lev­an­ta a hipótese de que “a poluição pode ter sido cau­sa­da por um grande vaza­men­to em minas de petróleo ou, pela sua local­iza­ção, pode ter ocor­ri­do até mes­mo na região do Pré-Sal”, uma vez que a região sed­i­men­tar obser­va­da está nas prox­im­i­dades de áreas de explo­ração de petróleo, con­forme mapea­men­to da Agên­cia Nacional de Petróleo, Gás Nat­ur­al e Bio­com­bustíveis — ANP.

A imagem mostra a pre­sença de três navios, na região em que foi detec­ta­do o pos­sív­el vaza­men­to, o que foi con­fir­ma­do pela Mar­in­ha brasileira.

A descober­ta foi comu­ni­ca­da à Comis­são do Sena­do Fed­er­al, respon­sáv­el pelo acom­pan­hamen­to da situ­ação polu­ido­ra.

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Leia, a seguir, excer­to da notí­cia veic­u­la­da pela UFAL:

O pesquisador já havia encon­tra­do, em datas retroa­t­i­vas dos últi­mos 60 dias, man­chas menores de óleo no mar, a par­tir de ima­gens de satélite. Todavia, como as ima­gens ante­ri­ores mostravam o piche já frag­men­ta­do, não havia como iden­ti­ficar o padrão de vaza­men­to. Assim, somente nes­ta sem­ana, o pesquisador encon­trou uma imagem mais com­ple­ta que per­mi­tiu uma maior pre­cisão sobre o padrão car­ac­terís­ti­co do vaza­men­to. A detecção foi com­ple­men­ta­da com o lev­an­ta­men­to de infor­mações sís­mi­cas e de out­ras var­iáveis do local.  As ima­gens foram obser­vadas retroa­t­i­va­mente, des­de o mês de maio, proces­san­do ess­es dados por faixas, a par­tir de uma grande quan­ti­dade de dados de toda a Cos­ta do Nordeste brasileiro, chegan­do até o Espíri­to San­to. A análise exigiu uma grande capaci­dade com­puta­cional, de proces­sa­men­to e de análise insta­l­a­da no Lab­o­ratório. Foram uti­lizadas sofisti­cadas téc­ni­cas de proces­sa­men­to que per­mi­ti­ram realçar o con­traste das man­chas de óleo na água, sep­a­ran­do o sinal de man­chas de petróleo de qual­quer out­ro ruí­do. “É como a mon­tagem de um que­bra-cabeça, com peças muito dis­per­sas, que são as man­chas muito espal­hadas pelas cor­rentezas no Litoral do Nordeste do Brasil, prin­ci­pal­mente nas faixas costeiras. De repente, você encon­tra uma peça-chave, mais lóg­i­ca, foi o que ocor­reu ontem ao encon­trar essa imagem. Foi a primeira vez que obser­va­mos, para esse caso, uma imagem de satélite que detec­tou uma faixa da man­cha de óleo orig­i­nal, ain­da não frag­men­ta­da e ain­da não car­rega­da pelas cor­rentezas”, expli­ca Bar­bosa. O pesquisador com­ple­men­tou que isso ocorre porque o satélite reg­is­tra as ima­gens com um inter­va­lo de seis dias. Com isso, as faixas anal­isadas não são con­tínuas, poden­do haver tam­bém sobreposição, com datas difer­entes. “Foi um tra­bal­ho exaus­ti­vo e desafi­ante, ten­do que esper­ar seis dias para que o satélite voltasse à mes­ma área onde começou”, rela­ta Bar­bosa. O Lapis tam­bém obser­vou, a par­tir de ima­gens retroa­t­i­vas de satélites, man­chas de petróleo no Sud­este do Brasil, pre­cisa­mente esse tipo de poluição ocor­ren­do, em menor vol­ume, próx­i­mo à cos­ta do Espíri­to San­to. Porém, o padrão local­iza­do no Espíri­to San­to é difer­ente daque­le enorme vaza­men­to local­iza­do, nas prox­im­i­dades do litoral da Bahia. “Essas ima­gens, cap­turadas pelo Sen­tinel-1A, mostram que há peque­nas quan­ti­dades de óleo espal­hadas pelo oceano, moti­vo porque o Brasil pre­cisa esta­b­ele­cer um mon­i­tora­men­to mais con­sis­tente do oceano. Mas a quan­ti­dade de petróleo iden­ti­fi­ca­da na imagem, próx­i­mo à cos­ta da Bahia, é de uma enorme exten­são”, aler­ta Bar­bosa. O pesquisador afir­ma que, pela local­iza­ção do óleo, é algo muito maior do que um mero der­ra­ma­men­to aci­den­tal ou proposi­tal de óleo, a par­tir de um navio, é um vaza­men­to que está abaixo da super­fí­cie do mar, con­se­quên­cia de per­furação. Ele desta­ca que, na imagem des­ta segun­da-feira, iden­ti­fi­cou um padrão bas­tante robus­to que o lev­ou à hipótese de que a origem do prob­le­ma não é um der­ra­ma­men­to de óleo a par­tir de um navio que trans­porta esse tipo de mate­r­i­al, mas pode ser um vaza­men­to de algum poço de explo­ração de petróleo. A imagem tam­bém per­mite detec­tar três navios, no entorno da grande man­cha, que podem tan­to estarem pas­san­do pelo local quan­to mon­i­toran­do algu­ma situ­ação extra­ordinária ocor­ri­da na área.

Por aqui se pode ter aces­so ao site da UFAL e à reportagem inte­gral.

Segun­do o pesquisador da Uni­camp, André Kimu­ra Okamo­to, para a ple­na con­fir­mação dess­es fortes indí­cios da origem, fal­ta ape­nas a man­i­fes­tação do oper­ador do cam­po de extração: “sem­pre foi a hipótese mais plausív­el, a de que o vaza­men­to pode­ria ter origem em apli­cação de pressão em poços de prospecção do Pré-sal, com a final­i­dade de aumen­tar a vazão (e pro­dução) diária de mate­r­i­al reti­ra­do do poço,” ressalta.

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito salien­ta que a pesquisa do Lab­o­ratório, por seus pesquisadores, apon­ta a excelên­cia do tra­bal­ho das uni­ver­si­dades brasileiras. sobre­tu­do a importân­cia das uni­ver­si­dades públi­cas.