O Direito homenageia a Democracia

O Direito homenageia a Democracia

No even­to anu­al de 2021 do grupo de juris­tas Pre­rrog­a­ti­vas -cri­a­do soba inspi­ração de impor­tantes advo­ga­dos e advo­gadas brasileiros, e para a defe­sa das garan­tias con­sti­tu­cionais, sobre­tu­do as de ampla defe­sa -, real­iza­do em São Paulo, em tradi­cional restau­rante paulis­tano, estiver­am pre­sentes políti­cos e políti­cas com­pro­meti­dos com o Esta­do Democráti­co de Dire­ito, sendo a par­tic­i­pação mais deter­mi­nante a do Pres­i­dente Luís Iná­cio Lula da Sil­va., sím­bo­lo da luta democráti­ca inter­na­cional e dos avanços em direção ao cuida­do e à par­tic­i­pação políti­ca pop­u­lar.

A mídia desta­cou o encon­tro entre Lula e o Gov­er­nador Ger­al­do Alck­min, diante da pos­sív­el aliança que per­mi­tiria a con­sol­i­dação da resistên­cia e de uma aliança pro­gres­sista, que favore­cesse a retoma­da do pro­je­to con­sti­tu­cional brasileiro, ini­ci­a­do em 1988 e con­cretiza­do durante a admin­is­tração de Lula, na Presidên­cia da Repúbli­ca. Nesse sen­ti­do, o líder do grupo Pre­rrog­a­ti­vas, Mar­co Aurélio de Car­val­ho desta­cou o con­vite feito a todos os políti­cos e políti­cas  conec­ta­dos com a democ­ra­cia, bem como o veto aos que con­tribuíram para a vitória do pro­je­to fascista ou de extrema-dire­i­ta que ora empreende um regime anti­con­sti­tu­cional no Brasil.

 

Como se sabe, por força de uma aliança anti­democráti­ca e anti­jurídi­ca, Lula foi con­de­na­do e lev­a­do à prisão, impe­di­do de par­tic­i­par do pleito que deter­mi­nou a chega­da de herdeiros da ditadu­ra civ­il-mil­iar ao poder, em decor­rên­cia de uma eleição ilegí­ti­ma.

Em 2021, há muito o que comem­o­rar, sobre­tu­do a liber­dade de Lula e o recon­hec­i­men­to pela justiça da sus­peição e incom­petên­cia do juiz e e do juí­zo em que ocor­reram tão ver­gonhosos proces­so, con­de­nação e prisão.

No con­tex­to de um dire­ito que, no cur­so da história brasileira, sem­pre esteve toma­do e voca­ciona­do para a defe­sa dos inter­ess­es da elite col­o­nizado­ra, é de se rece­ber com sat­is­fação a existên­cia de movi­men­tos e cole­tivos da sociedade, sobre­tu­do na área jurídi­ca, que se con­trapõem a essa invasão da esfera da políti­ca pelos inter­ess­es de mino­ria lig­a­da a priv­ilé­gio e ganân­cia no tra­to das relações econômi­cas e soci­ais.

Para o pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Alfre­do Attié, tra­ta-se da recu­per­ação da esper­ança, em meio a uma cor­rente que pode e deve levar à recu­per­ação do cam­in­ho de con­strução da democ­ra­cia no Brasil e no Mun­do. O even­to, afir­mou, é uma “hom­e­nagem jus­ta que o dire­ito pres­ta à democ­ra­cia.”  Segun­do Attié, “a con­junção entre dire­ito e democ­ra­cia é o que pode faz­er trans­for­mar a justiça brasileira”.

O even­to foi, por­tan­to, um exem­p­lo de como o dire­ito deve hom­e­nagear e cul­tu­ar a democ­ra­cia, na tril­ha apon­ta­da pelo ordem inter­na­cional e pela Con­sti­tu­ição que exal­tou a Democ­ra­cia, os Dire­itos Humanos e o Esta­do e Dire­ito.

Fragmentos do Presente

Fragmentos do Presente

Rosane Borges lançou, em São Paulo, na sex­ta-feira, dia 17 de dezem­bro, pela edi­to­ra  Aquilom­bô, de Belo Horizonte„seu novo livro, Frag­men­tos do Tem­po Pre­sente, na Livraria Mar­tins Fontes da Aveni­da Paulista.

Rosane, que é jor­nal­ista, douto­ra em Ciên­cias da Comu­ni­cação e colab­o­rado­ra do Cola­bor, da Esco­la de Comu­ni­cações e Artes da Uni­ver­si­dade de São Paulo, além de arti­c­ulista de impor­tantes per­iódi­cos brasileiros, vem pub­li­can­do rel­e­vantes con­tribuições para a com­preen­são e a ação con­tem­porâneas.

Frag­men­tos tem apre­sen­tação de Sil­vio Luiz de Almei­da, Muniz Sodré, Fabi­ana Coz­za e Flavia Lima, que tecem elo­gios ao tra­bal­ho da auto­ra.

Rosane Borges faz uma com­pi­lação de arti­gos e tex­tos breves que pub­li­cou no Blog da Edi­to­ra Boitem­po, na Revista Car­ta Cap­i­tal, no site de Jor­nal­is­tas Livres, na Revista Cult, entre out­ros, tecen­do uma tra­ma grave no tom de denún­cia das emergên­cias da sociedade exclu­si­va e per­me­a­da de vio­lên­cia em que vive­mos, mas, ao mes­mo tem­po, leve, no esti­lo e no encadea­men­to de sen­síveis obser­vações do cotid­i­ano, que se divide entre a praça real e a vir­tu­al, evo­can­do autoras e autores essen­ci­ais para o olhar que supera as agruras, salta os obstácu­los e alcança enx­er­gar os cam­in­hos e descam­in­hos que trans­portam a um esper­a­do e dese­ja­do mun­do não mais mudo, mas muda­do, na rad­i­cal­i­dade das novas vozes que ocu­pam cada vez mais a ágo­ra da existên­cia.

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito pres­ta hom­e­nagem à auto­ra, e esteve pre­sente no con­cor­ri­do e agradáv­el lança­men­to, no espaço paulis­tano, entre autó­grafos e bons encon­tros de amizade.

O livro teve lança­men­to na Bien­al do Rio e ain­da será apre­sen­ta­do em São Luís.

 

Celso Campilongo é Diretor da Faculdade de Direito da USP

Celso Campilongo é Diretor da Faculdade de Direito da USP

Cel­so Fer­nan­des Campilon­go, Acadêmi­co Tit­u­lar da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, foi eleito pela Con­gre­gação  Dire­tor da Fac­ul­dade de Dire­ito da Uni­ver­si­dade de São Paulo.

 

 

Cel­so Campi­lon­go, que é Tit­u­lar de Filosofia e Teo­ria Ger­al do Dire­ito, desta­ca-se por suas aulas, livros, arti­gos e pesquisas nos temas de Teo­ria da Democ­ra­cia e da Con­sti­tu­ição, Teo­ria dos Sis­temas, Dire­ito da Con­cor­rên­cia, Teo­ria do Esta­do, Filosofia, Soci­olo­gia e Teo­ria Ger­al do Dire­ito.

Ten­do-se grad­u­a­do em dire­ito, obteve os títu­os de  Mestre e Doutor pela Fac­ul­dade de Dire­ito do Largo São Fran­cis­co, , sendo, hoje Pro­fes­sor Tit­u­lar das Arcadas, assim como Pro­fes­sor Asso­ci­a­do da PUC/SP ‚e mem­bro do Colé­gio de Docentes do Doutora­do em Dire­ito da Uni­ver­sità del Salen­to, na Itália. Foi vice-Dire­tor da mes­ma FD.USP„ sendo coor­de­nador do Núcleo de Teo­ria e Filosofia do Dire­ito do Pro­gra­ma de Pós-Grad­u­ação da PUC/SP, mem­bro do Con­sel­ho Supe­ri­or de Assun­tos Jurídi­cos e Leg­isla­tivos da Fed­er­ação das Indús­trias do Esta­do de São Paulo, ten­do sido  Con­sel­heiro do Con­sel­ho Admin­is­tra­ti­vo de Defe­sa Econômi­ca e Secretário-Exec­u­ti­vo do Min­istério da Justiça.

 

 

Ana Elisa Lib­er­a­tore Bechara, Pro­fes­so­ra Tit­u­lar de Dire­ito Penal, da mes­ma San­Fran, foi elei­ta Vice-Dire­to­ra. Ana Elisa Bechara ocu­pa a vice-chefia do Depar­ta­men­to de Dire­ito Penal, Med­i­c­i­na Forense e Crim­i­nolo­gia e a vice-presidên­cia da Comis­são de Pós-Grad­u­ação da FD.USP. grad­u­a­da, douto­ra e livre-docente pela mes­ma insti­tu­ição, foii pesquisado­ra con­vi­da­da do Max Planck Insti­tut für aus­ländis­ches und inter­na­tionales Strafrecht; da Rheinis­che Friedrich Wil­heims Uni­ver­sität, de Bonn, na Ale­man­ha, e da Uni­ver­si­dad de Sala­man­ca, na Espan­ha. Inves­ti­gado­ra e docente da Inter­na­tion­al Aca­d­e­m­ic Net­work for the Abo­li­tion of Cap­i­tal Pun­ish­ment, na Espan­ha, mem­bro da Red de Inves­ti­gación Respues­tas a la cor­rup­ción aso­ci­a­da al crimen orga­ni­za­do, da Colômbia,e do grupo de pesquisa inter­na­cional Crime e Cas­ti­go, da Uni­ver­si­dade de Lis­boa. Foi mem­bro do Con­sel­ho Estad­ual de Políti­ca Crim­i­nal e Pen­i­ten­ciária e do Comitê Interin­sti­tu­cional de Pre­venção e Enfrenta­men­to ao Trá­fi­co de Pes­soas, do Gov­er­no do Esta­do de São Paulo.

 

O manda­to terá iní­cio em fevereiro de 2022, encon­tran­do o desafio de levar avante o proces­so civ­i­liza­cional do dire­ito, em nos­so País, ini­ci­a­do em 1827, com a cri­ação dos Cur­sos de Ciên­cias Jurídi­cas e Soci­ais no mes­mo Largo São Fran­cis­co e em Olin­da, em momen­to difí­cil de con­vivên­cia do dire­ito e da justiça com a crise instau­ra­da pelas ameaças de um regime anti­con­sti­tu­cional.

 

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito e seus Acadêmi­cos e Acadêmi­cas, pesquisadores e pesquisado­ras cel­e­bram a eleição de seu Con­frade Cel­so Campi­lon­go e da Pro­fes­so­ra Elisa Bechara, com a certeza de que sua gestão será mar­cante, ten­do em vista as con­quis­tas, o con­hec­i­men­to, a exper­iên­cia e as metas delin­eadas pelos queri­dos e ilus­tres Pro­fes­sores.

 

Tércio Sampaio Ferraz Jr é Professor Emérito do Largo São Francisco

Tércio Sampaio Ferraz Jr é Professor Emérito do Largo São Francisco

O Pro­fes­sor Tit­u­lar da Uni­ver­si­dade de São Paulo e da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca de São Paulo, Acadêmi­co Tit­u­lar da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito Tér­cio Sam­paio Fer­raz Jr recebe, nes­ta quin­ta-feira, dois de dezem­bro de 2021, o títu­lo de Pro­fes­sor Eméri­to da Fac­ul­dade de Dire­ito do Largo São Fran­cis­co, da USP.

Em mere­ci­da hom­e­nagem, que con­sagra o tra­bal­ho docente e de pesquisa de Ter­cio Fer­raz Jr, a USP, mais uma vez, recon­hece a  sua impor­tante con­tribuição para o desen­volvi­men­to da ciên­cia e da filosofia do dire­ito no Brasil e na sociedade inter­na­cional. O Pro­fes­sor Ter­cio, como sem­pre referi­ram seus alunos, tam­bém havia rece­bido o títu­lo de Pro­fes­sor Eméri­to da Fac­ul­dade de Dire­ito de Ribeirão Pre­to, da USP.

Tér­cio Fer­raz estu­dou dire­ito e filosofia na USP, uni­ver­si­dade em que obteve seu títu­lo de Doutor, em tese ori­en­ta­da por Miguel Reale, e de Livre-Docente. Doutorou-se tam­bém na Uni­ver­si­dade Johannes Gut­tem­berg, de Mainz.

Autor de exten­sa e con­sagra­da obra jurídi­ca, entre mono­grafias, man­u­ais, ensaios e pare­ceres, for­mou várias ger­ações de juris­tas, ain­da ten­do se ded­i­ca­do à advo­ca­cia con­sul­ti­va.

Entre tais tra­bal­hos, desta­cam-se: Intro­dução ao Estu­do do Dire­ito. . São Paulo: Atlas;  Teo­ria da Nor­ma Jurídi­ca. São Paulo: Edi­to­ra Atlas;  Dire­ito Reg­u­latório e Con­cor­ren­cial no Poder Judi­ciário. São Paulo: Edi­to­ra Sin­gu­lar; A Ciên­cia do Dire­ito. São Paulo: Edi­to­ra Atlas; Dire­ito, Retóri­ca e Comu­ni­cação.  São Paulo: Edi­to­ra Atlas; Intro­duc­ción al estu­dio del Dere­cho.Madrid: Mar­cial Pons Edi­ciones Jurídi­cas y Sociales.;  Poder Econômi­co. São Paulo: Edi­to­ra Manole; Dire­ito Con­sti­tu­cional.Barueri: Edi­to­ra Manole;  “A com­petên­cia e reg­u­latória da ANATEL, o regime do must car­ry e as inter­pre­tações do reg­u­la­men­to do SeAC” in Revista de Dire­ito das Comu­ni­cações, v. 8, p. 105–139, 2014; “Dire­ito da con­cor­rên­cia e enforce­ment pri­va­do na leg­is­lação brasileira” in Revista de Defe­sa da Con­cor­rên­cia, v. 02, p. 11–31, 2013; “Sus­peição e Imped­i­men­to em Arbi­tragem” in Revista de Arbi­tragem e Medi­ação, v. 28, p. 65–82, 2011: “On sense and sen­si­bil­i­ty in legal inter­pre­ta­tion” in Recht­s­the­o­rie, v. 42, p. 139–144, 2011.

Ness­es e em out­ros tra­bal­hos, o Pro­fes­sor Tér­cio procurou não ape­nas tratar, de modo cuida­doso e apro­fun­da­do, dos temas, mas, sobre­tu­do, traz­er con­tribuições cria­ti­vas e orig­i­nais, levan­do avante o desafio de tornar a teo­ria e a práti­ca do dire­ito com­patíveis com o desen­volvi­men­to de nos­so tem­po, respon­den­do a questões fun­da­men­tais, de ordem cien­tí­fi­ca e exis­ten­cial.

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, em que se encon­tram muitos de seus ex-alunos, sem­pre ciosos de acom­pan­har o tra­bal­ho e de seguir os pas­sos de seu mestre, cumpri­men­ta seu ilus­tre mem­bro, exem­p­lo da dig­nidade do dire­ito e de seu caráter civ­i­liza­cional, na defe­sa da democ­ra­cia, da justiça e dos dire­itos humanos..

 

Voltando ao Mundo dos Livros

Voltando ao Mundo dos Livros

Retoman­do o tema da leitu­ra, da escrit­u­ra e dos livros, Breves Arti­gos (veja, aqui) da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito traz o tex­to do Advo­ga­do e Téc­ni­co em Tele­co­mu­ni­cações, autor de Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded (Brasil: Clu­bin­ho E Book, 2013).

Arnobio fala da leitu­ra dos clás­si­cos e do tem­po cer­to de os reen­con­trar, por meio dos que tam­bém se aprox­i­maram deles, fazen­do-se guias de sua leitu­ra, e das coisas boas da lit­er­atu­ra.

Leia o tex­to, a seguir, como pub­li­ca­do, orig­i­nal­mente, em seu site.

 

Voltan­do ao Mun­do dos Livros
Arnobio Rocha

En la noche, sigo encen­di­en­do sueños
Para limpiar con el humo sagra­do cada recuer­do
(Has­ta la Raiz – Natalia Lafour­cade)

“É cer­to que tive aces­so muito cedo, jovem, aos clás­si­cos da lit­er­atu­ra mundi­al, de políti­ca, econo­mia e filosofia.

Repen­san­do hoje, não sei se tin­ha maturi­dade para ter encar­a­do algu­mas leituras, foi muito mais pelo desafio int­elec­tu­al (vaidade? Talvez), impul­so juve­nil e praz­er em ler, do que real­mente uma preparação mais sis­temáti­ca, se é que existe, ape­nas fui lendo e lendo.

A com­preen­são de muitos dess­es clás­si­cos, só vem depois, quan­do o cére­bro fez as várias conexões necessárias para o que fora lido. Por sorte, a min­ha memória (afe­ti­va ou cog­ni­ti­va) me aju­da a ter em mente boa parte dess­es livros espetac­u­lares, pois na época, não havia “google”, então, o fichamen­to de livros sem­pre foi meu guia e fonte de con­sul­ta, uma parte dess­es apon­ta­men­tos viraram posts desse blog.

A intim­i­dade com Shake­speare, por exem­p­lo,  tornou-se mais inten­sa com as leituras de Harold Bloom, e e com suas anális­es, obra a obra, foram fun­da­men­tais para que lesse toda a obra do bar­do inglês, e depois relesse, por muitos anos, algu­mas delas, pois tin­ha que con­frontar as min­has per­spec­ti­vas com do grande pro­fes­sor de Yale.

A mitolo­gia, a teogo­nia, a cos­mogo­nia e a escat­olo­gia do mun­do grego e romano, com mais rele­vo no primeiro, tive como guia Juni­to de Sousa Brandão, antes de o con­hecer numa palestra em São Paulo, tin­ha lido Home­ro, Vir­gilio, Sófo­cles, Eurí­pedes, Ésqui­lo, Oví­dio, entre­tan­to, ao ouvir aque­le pro­fes­sor falar por duas e meia, fiquei abso­lu­ta­mente enfeitiça­do. Li sua extra­ordinária obra, seus estu­dos e traduções, uma grande lumi­nosi­dade para mim sobre o mun­do gre­co-romano.

Marx e o Cap­i­tal, foram decod­i­fi­ca­dos para mim pelo meu mestre, José Antônio Mar­tins, com suas anális­es de con­jun­tu­ra que ele dava em suas palestras no anti­go Núcleo de Edu­cação Pop­u­lar – 13 de maio, depois no bole­tim “Críti­ca da Econo­mia“. Li e fichei, durante os meses ini­ci­ais de 1993, para min­ha ale­gria, Mar­tins e eu, mon­ta­mos um grupo de estu­dos do Cap­i­tal, em que, ao fim e ao cabo, sobramos nós dois, quan­tas lições, naque­las sex­ta-feiras do ano de 1995.

Meu tra­bal­ho de con­clusão do cur­so de Dire­ito e meu livro sobre a Crise de 2008, têm muito do que Mar­tins me ensi­nou, de como enten­der a estru­tu­ra do Cap­i­tal, a lóg­i­ca inter­na, as for­mas de leitu­ra e, prin­ci­pal­mente, como traz­er as lições para o momen­to pre­sente, seus reflex­os na Econo­mia, Políti­ca, Filosofia e no Dire­ito, a luta de class­es como fio con­du­tor de todos os ramos do saber e da história.

A intim­i­dade com os clás­si­cos não é para exer­cí­cio de vaidade pes­soal, mas é for­ma de enten­der o mun­do que nos cer­ca, não nos lim­i­tan­do ao que faze­mos profis­sion­al­mente. A lóg­i­ca, filosofia e méto­do, foram essen­ci­ais para min­ha lon­ga car­reira no mun­do das tele­co­mu­ni­cações, para soluções de prob­le­mas com­plex­os de soft­ware, da visão ampla de um sis­tema, não impor­tan­do a lin­guagem dos códi­gos ali escritos.

Óbvio que para o Dire­ito, a leitu­ra, o con­hec­i­men­to, são as fer­ra­men­tas para ter sen­ti­do ao se descr­ev­er uma real­i­dade fáti­ca con­ta­da por um cliente, e, claro, para ten­tar enten­der o cipoal gigante de nor­mas e códi­gos dos sis­tema jurídi­co.

Entre­tan­to, a lit­er­atu­ra, é pri­mor­dial­mente praz­er, tesão, muito além do aspec­to instru­men­tal, ou que se use como fer­ra­men­ta nos mais vari­a­dos cam­pos do con­hec­i­men­to, ler é son­har, é via­jar e con­hecer os aspec­tos mais ínti­mos da humanidade. Escr­ev­er é o seu par, nem sem­pre se une os dois, pois é muito mais fácil ler do que escr­ev­er.

A Mentira e a Ética

A Mentira e a Ética

Em impor­tante arti­go, opor­tuno, críti­co e inspi­rador, o Pro­fes­sor Tit­u­lar da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca de São Paulo, e Con­sel­heiro do Núcleo Fé e Cul­tura da Arquid­io­cese de São Paulo, Wag­n­er Balera, Acadêmi­co Tit­u­lar e ex-Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, dis­cu­tiu o tema da men­ti­ra e seus con­tornos éti­co-cristãos.

Leia a seguir a ínte­gra do tex­to “O Pai da Men­ti­ra”, pub­li­ca­do, orig­i­nal­mente, em O São Paulo, semanário da Arquid­io­cese.

“Eis um títu­lo que ninguém parece quer­er assumir e que, no entan­to, se ajus­ta per­feita­mente a muitos e muitos que, nos últi­mos tem­pos, irra­di­am men­ti­ras. Mais pro­pri­a­mente ess­es não são pais, e, sim, fil­hos do pai da men­ti­ra.

O dono do títu­lo está clara­mente iden­ti­fi­ca­do des­de sem­pre. Não está sub­meti­do ao tem­po, tam­pouco ao espaço. Sim­ples­mente atua.

O que quer, afi­nal, ao espal­har tan­ta men­ti­ra? Con­fundir, cri­ar oposições, desagre­gar. Ina­ceitáv­el para ele é a paz social; a con­cór­dia; a har­mo­nia. Emb­o­ra esse sujeito, como dito aci­ma, não está no tem­po nem no espaço, lá onde este­jam pre­sentes ess­es val­ores ele não quer ficar. Pref­ere ser lança­do ao abis­mo con­fig­u­ra­do em man­a­da de por­cos, que bem aqui rep­re­sen­tam o sím­bo­lo da impureza, da suji­dade e de tudo o que repugna aos que apre­ci­am e alme­jam viv­er em paz.

Esta­mos, é cer­to, diante de grave prob­le­ma. Recebe­mos, cotid­i­ana­mente, cen­te­nas de mil­hares de men­ti­ras. Chegam, por vezes, com anôn­i­mo “encam­in­hado”. E, des­graçada­mente, cada vez que retrans­miti­mos essas men­ti­ras, assum­i­mos a fil­i­ação daque­le sujeito.

Temos, pois, dois deveres graves. O primeiro é o de nos recusar­mos cabal­mente a atu­ar como cor­reias de trans­mis­são de men­ti­ras. Vai dar tra­bal­ho, pois só poder­e­mos reen­viar matérias que ten­ham sido sub­meti­das ao cri­vo ele­men­tar da ver­dade. E se não for pos­sív­el a ver­i­fi­cação? Há um clique rápi­do a ser uti­liza­do. O ícone o define com pro­priedade: é a lata de lixo. O segun­do dev­er grave e esse, segu­ra­mente, é de maior gravi­dade do que o primeiro, con­siste no dev­er de aler­tar­mos a quem nos envi­ou a men­ti­ra, vale diz­er, se fez por­ta­dor do lixo. Prati­care­mos, nada mais nada menos, do que a obra de mis­er­icór­dia da cor­reção fra­ter­na.

Não será tare­fa fácil essa. Dev­er­e­mos exer­cê-la, porém, com o deste­mor assi­nal­a­do por San­ta Tere­sa de Jesus: “Custe o que cus­tar, mur­mure quem mur­mu­rar, quer chegue ao fim quer mor­ra no cam­in­ho…”

Por que esse encar­go será tão cus­toso? É que o pai do men­tiroso o fará se con­vencer que nós não somos ami­gos dele. Quem somos nós para cor­ri­gi-lo? E acabará cain­do na arti­man­ha de con­sid­er­ar que não somos pes­soas de bem.

Mas, fique bem claro: não podemos servir a dois sen­hores. O Sen­hor a quem quer­e­mos servir se define com pre­cisão: Eu sou a ver­dade!

Neste momen­to, força recon­hecer, o pai da men­ti­ra e seus sequazes atu­am em diver­sos lugares e em diver­sos momen­tos. Seu nome? Legião.

Para vencer­mos a hoste men­tirosa, só con­ta­mos com a Ver­dade, que opera como instân­cia lib­er­ta­do­ra e que tem um Nome. Entre­tan­to, a inscrição nas suas fileiras exige que deix­e­mos de lado os respeitos humanos.

Não fique­mos de fora desse com­bate; o bom com­bate! Não nos quedemos à beira do cam­in­ho, enquan­to assis­ti­mos o der­ruir de pes­soas e de insti­tu­ições!

Não ten­hamos medo, disse São João Paulo II aos 22 de out­ubro de 1978, bem no iní­cio de seu pon­tif­i­ca­do. A Ver­dade e seu Sen­hor estão do nos­so lado. ”

OAB de São Paulo elege Primeira Mulher para a Presidência

OAB de São Paulo elege Primeira Mulher para a Presidência

Em eleição mar­ca­da não ape­nas por inten­sa dis­pu­ta, mas, sobre­tu­do, pelo forte com­po­nente da diver­si­dade, em que a pre­sença fem­i­ni­na teve rep­re­sen­ta­tivi­dade e realce, as Seções de São Paulo ‚com Patrí­cia Van­zoli­niParaná, com Mar­ile­na Indi­ra Win­ter, Bahia, com Daniela Borges, e San­ta Cata­ri­na, com Cláu­dia da Sil­va Prudên­cio elegeram mul­heres para a Presidên­cia.

Em São Paulo, cin­co cha­pas par­tic­i­param do pleito, em todas elas despon­tan­do a pre­ocu­pação de rep­re­sen­tação e pro­postas de pre­sença efe­ti­va da diver­si­dade que com­põe a real­i­dade do exer­cí­cio da profis­são jurídi­ca em nos­so País.

A cha­pa vence­do­ra foi encabeça­da por Patrí­cia Van­zoli­ni, mestre e douto­ra em Dire­ito pela Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca de São Paulo , ex-vice-pres­i­dente da Asso­ci­ação dos Advo­ga­dos Crim­i­nal­is­tas de São Paulo , Pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Pres­bi­te­ri­ana Macken­zie e do Damá­sio Edu­ca­cional, além de auto­ra de “Man­u­al de Dire­ito Penal”, edi­ta­do pela Sarai­va, e de “Teo­ria da Pena: Sac­ri­fí­cio, Vin­gança e Dire­ito Penal”, edi­ta­do pela Tirant Brasil.

Elegeram-se, tam­bém, como Vice-Pres­i­dente, Leonar­do Sica, Secretária-Ger­al, Daniela Marchi Mag­a­l­hães, Secretário-Ger­al Adjun­to, Dione Almei­da San­tos, Tesoureiro, Alexan­dre de Sá Domingues, Pres­i­dente da Caixa de Assistên­cia a Advo­ga­dos e Advo­gadas, Adri­ana Galvão Moura Abilio, Vice-Pres­i­dente da Caixa de Assistên­cia a Advo­ga­dos e Advo­gadas, Domin­gos Assad Stoc­co, bem como como Con­sel­heiros e Con­sel­heiras Fed­erais Tit­u­lares: Alber­to Zacharias Toron, Car­los José San­tos da Sil­va, Sil­via Vir­ginia Sil­va de Souza, e Suplentes: Alessan­dra Bened­i­to, Daniela Cam­pos Libo­rio, Helio Rubens Batista Ribeiro Cos­ta.

Cin­co cha­pas dis­putaram a eleição, que teve como sal­do a val­oriza­ção e ampli­ação da rep­re­sen­tação afro­brasileira e de gênero fem­i­ni­no, assim com a escol­ha de Dione Almei­da San­tos, Sílvia Virgí­nia Sil­va de Souza e Alessan­dra Bened­i­to, assim como de Daniela Marchi Mag­a­l­hães, Adri­ana Galvão Moura Abilio, e Daniela Cam­pos Libório., e como resul­ta­do a pre­sença de uma mul­her na Presidên­cia, pela primeira vez,  da impor­tante e históri­ca insti­tu­ição da sociedade brasileira.

Ao cumpri­men­tar as novas e os novos rep­re­sen­tantes da Advo­ca­cia, a Acad­e­mia Paulista de Dire­ito dese­ja profícua gestão, volta­da ao engrandec­i­men­to da cidada­nia brasileira, no cur­so da afir­mação do Esta­do Democráti­co de Dire­ito, e de atu­ação firme em sua defe­sa, no momen­to difí­cil pelo qual pas­sa o Brasil, na véspera de comem­o­rar seus 200 anos.

 

 

Kiyoshi Harada critica a PEC dos Precatórios

Kiyoshi Harada critica a PEC dos Precatórios

Em impor­tante arti­go, o Acadêmi­co Tit­u­lar da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito Kiyoshi Hara­da, Pro­fes­sor, Advo­ga­do e atu­al Pres­i­dente do Insti­tu­to Brasileiro de Estu­dos de Dire­ito Admin­is­tra­ti­vo, Finan­ceiro e Trib­utário, anal­isou o teor e a con­sti­tu­cional­i­dade da Pro­pos­ta de Emen­da Con­sti­tu­cional rel­a­ti­va aos Pre­catórios.

Pub­li­ca­do orig­i­nal­mente pelo infor­ma­ti­vo jurídi­co Migal­has — veja, aqui — o tex­to, que tem po títu­lo “A Des­façatez e Imoral­i­dade da PEC dos Pre­catórios,” pode ser lido a seguir.

 

“Poucos têm a exa­ta noção da gri­tante imoral­i­dade da chama­da PEC dos Pre­catórios, a PEC 23/21, e da inusi­ta­da des­façatez do gov­er­no e do Con­gres­so Nacional.

Aparente­mente, essa PEC visa pos­si­bil­i­tar o paga­men­to R$ 400,00 a títu­lo de Auxílio Brasil (Bol­sa Família) para cer­ca de 20 mil­hões de pes­soas pobres, o que daria uma grande vis­i­bil­i­dade à ação do gov­er­no no ano preeleitoral.

O gov­er­nante e os con­gres­sis­tas, dessa for­ma, cresce­ri­am aos olhos do eleitora­do, pois, o dis­cur­so da inclusão social tem sido uma ban­deira pop­ulista dos últi­mos tem­pos, den­tro e fora do País. Esclareça-se que nada temos con­tra a políti­ca de inclusão social, des­de que não implique sac­ri­fí­cios de legí­ti­mos cre­dores.

Então, a bem da ver­dade, é pre­ciso que se explique o que sig­nifi­ca essa PEC 23/21, que pre­vê a moratória dos pre­catórios.

O que é pre­catório judi­cial?

R: É ordem judi­cial de paga­men­to, em cumpri­men­to de decisão judi­cial con­de­natória tran­si­ta­da em jul­ga­do.

Como é feito esse paga­men­to?

R: Ao final da lon­ga trami­tação do proces­so judi­cial a decisão con­de­natória da Fazen­da, no caso, da União, tran­si­ta em jul­ga­do, isto é, não mais cabe qual­quer recur­so.

Então, o val­or da con­de­nação é apu­ra­do por meio de liq­uidação de sen­tença que cal­cu­la o val­or do prin­ci­pal, acresci­do de juros e cor­reção mon­etária; de despe­sas proces­suais desem­bol­sadas pelo autor da ação; de despe­sas peri­ci­ais quan­do hou­ver; e da ver­ba hon­orária sucum­ben­cial.

O val­or total assim apu­ra­do é req­ui­si­ta­do por ofí­cio do Pres­i­dente do Tri­bunal que pro­feriu a decisão exe­quen­da.

Esse ofí­cio req­ui­sitório é denom­i­na­do de pre­catório judi­cial. Des­de que ele seja entregue à Fazen­da deve­do­ra (no caso, União) até o dia 1º de jul­ho tem o seu val­or incluí­do no orça­men­to anu­al do exer­cí­cio seguinte, para paga­men­to no perío­do de 1º de janeiro até 31 de dezem­bro.

Se o pre­catório for entregue fora do perío­do req­ui­si­to­r­i­al, isto é, depois do dia 1º de jul­ho, por exem­p­lo, no dia 2 de jul­ho de 2021, o seu val­or somente será incluí­do no orça­men­to sub­se­quente ao seguinte, isto é, no exer­cí­cio de 2023, para paga­men­to no perío­do de janeiro a dezem­bro de 2023. Nota-se, por­tan­to, que por uma difer­ença de ape­nas um dia, o pra­zo de paga­men­to de pre­catório é poster­ga­do no mín­i­mo em 18 meses. No exem­p­lo dado, se o pre­catório for pago no últi­mo dia do pra­zo (31–12-2023), o paga­men­to estará sendo feito depois de decor­ri­dos 30 meses, a con­tar da data em que o pre­catório foi rece­bido pela enti­dade políti­ca deve­do­ra.

Dev­i­do a morosi­dade do pro­ced­i­men­to admin­is­tra­ti­vo para quitação de pre­catórios muitos cre­dores acabam mor­ren­do, sem perce­ber o crédi­to obti­do à dura pena. Isso quan­do o deman­dante idoso não falece no cur­so do lon­go proces­so de con­hec­i­men­to de 5 a 6 anos em média (juí­zo de primeira instân­cia, Tri­bunal de Justiça/Tribunal Region­al Fed­er­al e STJ/STF), ou no cur­so da apu­ração do mon­tante do crédi­to segui­da de expe­dição de pre­catório, um pro­ced­i­men­to que deman­da cer­ca de um ano.

Nos âmbitos estad­ual e munic­i­pal mil­hares de pre­ca­toris­tas já mor­reram na inter­mináv­el fila de pre­catórios que começou em 5 de out­ubro de 1988, com a pro­mul­gação da Con­sti­tu­ição vigente, que con­cedeu  moratória de 8 anos (art. 33 do ADCT). Des­de então suces­si­vas PECs vêm sendo pro­mul­gadas e a últi­ma delas pror­ro­gou a liq­uidação dos pre­catórios pen­dentes até o dezem­bro de 2029 (EC 109/21).

Os pre­ca­toris­tas são víti­mas silen­ciosas que vão mor­ren­do ao lon­go do tem­po, sem que a mídia noti­cie, como ocorre com as víti­mas de assas­si­na­to ou de covid-19. Ficar aguardan­do mais de 20 anos na fila e mor­rer sem usufruir do resul­ta­do mate­r­i­al da decisão judi­cial que lhe asse­gurou o crédi­to não ape­nas tor­na inócua e inútil o princí­pio da inafasta­bil­i­dade da juris­dição inser­to no art. 5º, XXXV da CF, como tam­bém, do pon­to de vista social rep­re­sen­ta uma das mais graves vio­lações dos dire­itos humanos. Por isso, a Comis­são Inter­amer­i­cana de Dire­itos Humanos da Orga­ni­za­ção dos Esta­dos Amer­i­canos (OEA) pre­tende jul­gar o méri­to das denún­cias for­mu­ladas por pre­ca­toris­tas de San­to André (São Paulo) e dos Esta­dos do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul  con­tra o Esta­do Brasileiro por des­cumpri­men­to sis­temáti­co dos pre­catórios.

Já é pos­sív­el com­preen­der que essa PEC 23/21 out­ra coisa não faz senão apro­pri­ar-se do din­heiro per­ten­cente a cre­dores, por decisão judi­cial tran­si­ta­da em jul­ga­do, para finan­ciar um pro­gra­ma social com vis­tas às eleições de 2022. Ess­es val­ores, na ver­dade, R$ 89 bil­hões, per­tencem a pre­ca­toris­tas, tan­to é que fig­u­ram na pro­pos­ta orça­men­tária de 2022 em dis­cussão no Con­gres­so Nacional. Tratam-se de din­heiros carim­ba­dos com des­ti­nação cer­ta.

Logo, ess­es pre­catórios são pagáveis, sal­vo na improváv­el hipótese de a recei­ta ficar aquém do mon­tante esti­ma­do. Não se tratam, por­tan­to, de pre­catórios que não podem pagar, mas, de pre­catórios que não querem pagar.

Do expos­to con­clui-se que o que o gov­er­no e o Con­gres­so Nacional estão fazen­do é sim­ples­mente apro­pri­ar-se de recur­sos per­ten­centes a legí­ti­mos cre­dores, para dá-los aos menos favore­ci­dos de nos­sa sociedade. O Chefe do Exec­u­ti­vo e os con­gres­sis­tas estão nego­cian­do o mon­tante de pre­catórios a não serem pagos, isto é, estão nego­cian­do sobre crédi­tos de ter­ceiros. Por que não nego­ci­am as ver­bas prove­nientes de emen­das indi­vid­u­ais  e de ban­cadas a que fazem jus os con­gres­sis­tas? Ou os recur­sos dos fan­tás­ti­cos fun­dos par­tidário e eleitoral?

A ação dos par­la­mentares de elab­o­rar e aprovar a PEC 23/21 em nada difere do com­por­ta­men­to de alguém, solidário e altruís­ta, que pro­move uma doação sub­stan­cial a inte­grantes de uma enti­dade benef­i­cente, porém, com os recur­sos finan­ceiros fur­ta­dos ou rou­ba­dos de seus viz­in­hos.

Se os des­ti­natários dessa doação, sabedores da origem dos recur­sos doa­d­os, ficarem gratos e agrade­ci­dos ao doador sig­nifi­ca que eles perder­am a noção de éti­ca, enveredan­do-se pelo cam­in­ho da imoral­i­dade.

Gov­er­nante e con­gres­sis­tas se iden­ti­fi­cam com o quadro retroc­i­ta­do. Duas das impor­tantes insti­tu­ições públi­cas (Poder Exec­u­ti­vo e Poder Leg­isla­ti­vo) agem com a maior des­façatez apro­prian­do-se de din­heiro per­ten­cente a cre­dores por decisão judi­cial, para dis­tribuí-lo a um con­tin­gente de hipos­su­fi­cientes. O que é pior, cogi­ta-se de uti­lizar parte dos recur­sos sur­ru­pi­a­dos para engor­dar o fun­do eleitoral e majo­rar os val­ores das emen­das do Rela­tor.

Uma pop­u­lação esclare­ci­da jamais pode­ria aceitar, muito menos aplaudir essa ação ignó­bil que den­i­gre a imagem do Esta­do, den­tro e fora do País, pela práti­ca de con­du­ta ile­gal, incon­sti­tu­cional, imoral e car­ac­ter­i­zado­ra de infração penal.

Essa PEC 23/21 é mate­rial­mente incon­sti­tu­cional, por vio­lar em blo­co, o princí­pio da uni­ver­sal­i­dade de juris­dição; o princí­pio da razoáv­el duração do proces­so; o princí­pio do dire­ito adquiri­do, do ato jurídi­co per­feito e da coisa jul­ga­da;  os princí­pios da irretroa­t­ivi­dade,  da legal­i­dade, da impes­soal­i­dade e da efi­ciên­cia; além de aten­tar con­tra o dire­ito de pro­priedade, todos pro­te­gi­dos em nív­el da cláusu­la pétrea.

Padece, tam­bém, do vício do proces­so leg­isla­ti­vo, porque o Pres­i­dente da Câmara con­vo­cou, por via remo­ta, 17 dep­uta­dos que se encon­travam no exte­ri­or par­tic­i­pan­do dos tra­bal­hos da COP 26, em Glas­gow, Escó­cia, para votarem, sem terem a menor noção do que esta­va sendo debati­do, saben­do uni­ca­mente que cada dep­uta­do que votasse favo­rav­el­mente à aprovação da PEC 23/21 faria jus a R$ 15 mil­hões, a títu­lo de Emen­da do Rela­tor. Resul­ta­do, a PEC 23/21 foi aprova­da em 1º  e 2º turnos superan­do com tran­qüil­i­dade os 308 votos necessários.

Dessa for­ma, à imoral­i­dade mate­r­i­al soma-se a imoral­i­dade proces­su­al.

Nem a decisão monocráti­ca da min­is­tra Rosa Weber, que proibiu o paga­men­to dessa Emen­da do Rela­tor por ausên­cia de transparên­cia, pub­li­ci­dade e de mecan­is­mos de con­t­role e fis­cal­iza­ção da despe­sa abalou a firme deter­mi­nação do Pres­i­dente da Câmara de man­ter o cal­endário da votação em segun­do turno, que acabou acon­te­cen­do, como se viu.

Esse episó­dio rep­re­sen­ta uma ver­dadeira radi­ografia moral dos com­po­nentes dos Poderes Exec­u­ti­vo e Leg­isla­ti­vo que trans­for­mam o Esta­do Fed­er­al Brasileiro em um ser aéti­co despi­do de moral e de pudor. Os 323 par­la­mentares que votaram pela aprovação dessa PEC 23/21, bem como o gov­er­nante que a patroci­na  são pes­soas não habil­i­tadas para o nobre exer­cí­cio de car­gos públi­cos e, por isso, devem ter seus nomes guarda­dos na memória da pop­u­lação ordeira, para que sejam expur­ga­dos da vida públi­ca nas eleições de 2022, por calotearem os cre­dores por pre­catórios e que estão, aos poucos, mor­ren­do à espera do pro­lon­ga­do tem­po para per­cepção de seus crédi­tos.”

Presidente da Academia Paulista de Direito visita Caio Augusto Silva dos Santos, Presidente da OAB.SP

Presidente da Academia Paulista de Direito visita Caio Augusto Silva dos Santos, Presidente da OAB.SP

No sába­do, dia 13 de novem­bro, Alfre­do Attié, Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito  e Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas, vis­i­tou Caio Augus­to Sil­va dos San­tos, Pres­i­dente da Ordem dos Advo­ga­dos do Brasil, Seção São Paulo.

Na ocasião, Attié foi rece­bido pelas Advo­gadas Luzia Paula Moraes Can­tal, Mar­garete de Cás­sia Lopes e Aline Fávero, da OAB/SP e da Caixa de Assistên­cia dos Advo­ga­dos de São Paulo, e pelo Advo­ga­do Arnobio Rocha, Vice-Pres­i­dente da Comis­são de Dire­itos Humanos da OAB/SP, estando tam­bém pre­sente a Advo­ga­da Rober­ta de Bra­gança Fre­itas Attié, dire­to­ra edi­to­r­i­al da POLIFONIA Revista Inter­na­cional da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito.

Na con­ver­sa, na man­hã de um dia enso­lara­do pri­maver­il paulis­tano, os relatos dos pon­tos mais impor­tantes das ideias e das gestões de Attié e Caio Augus­to, além da pos­si­bil­i­dade de impor­tantes parce­rias das duas insti­tu­ições jurídi­cas, tradi­cionais e tão impor­tantes na história da democ­ra­cia brasileira.

Caio Augus­to falou sobre a descen­tral­iza­ção da Esco­la Supe­ri­or da Advo­ca­cia e da  atenção à advo­ca­cia mais sim­ples e dos gan­hos com a descen­tral­iza­ção e val­oriza­ção das Sub­sec­cionais da OAB, nas várias cidades paulis­tas e bair­ros paulis­tanos, além do cuida­do com a rep­re­sen­tação e afir­mação da diver­si­dade, pre­ocu­pação comum da APD.

Attié rela­tou os tra­bal­hos da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, com ênfase nos ACADEMIA PESQUISA, núcleos que abrigam pesquisadores e pesquisado­ras e fazem a ponte com a sociedade e incen­ti­vam sua par­tic­i­pação na con­sti­tu­ição de um dire­ito mais inclu­si­vo, diver­so, rep­re­sen­ta­ti­vo e trans­for­mador. Falou, ain­da da POLIFONIA e do pro­je­to edi­to­r­i­al da APD, inclu­sive sobre a Série “Brasil 200 Anos: Uma Cel­e­bração Críti­ca:”,  que Attié vem real­izan­do.

Na pau­ta, ain­da, o rela­ciona­men­to entre Advo­ca­cia e profis­sões públi­cas, sobre­tu­do a Justiça, além de impor­tantes questões sobre edu­cação e ensi­no jurídi­cos.

Em breve, um encon­tro espe­cial, com a par­tic­i­pação de Caio Augus­to na Série da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Cadeira San­ti­a­go Dan­tas que repen­sa o pas­sa­do do Brasil, as razões do pre­sente e reflete sobre o desen­ho do futuro, a par­tir de 2022.

 

Wanderley Federighi é eleito Presidente da Seção de Direito Público do TJSP

Wanderley Federighi é eleito Presidente da Seção de Direito Público do TJSP

O Desem­bar­gador Wan­der­ley Fed­erigui, Acadêmi­co Tit­u­lar da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, foi eleito Pres­i­dente da Seção de Dire­ito Públi­co do Tri­bunal de Justiça de São Paulo.

Com expres­si­va votação, o jurista, autor de livros e impor­tantes tra­bal­hos e decisões na área do dire­ito con­sti­tu­cional, admin­is­tra­ti­vo e proces­su­al, assume  o rel­e­vante car­go, à frente da mais impor­tante Corte de Dire­ito Públi­co brasileira, ao lado do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al e do Supe­ri­or Tri­bunal de Justiça.

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito pres­ta hom­e­nagem a seu Mem­bro, sem­pre orgul­hosa dos feitos e da excelên­cia de sua com­posição.

Para os demais car­gos da Corte Paulista foram eleitos:

Presidên­cia
Des. Ricar­do Mair Anafe

Vice-Presidên­cia
Des. Guil­herme Gonçalves Strenger

Cor­rege­do­ria-Ger­al da Justiça
Des. Fer­nan­do Anto­nio Tor­res Gar­cia

Pres­i­dente da Seção de Dire­ito Crim­i­nal
Des. Fran­cis­co José Galvão Bruno

Pres­i­dente da Seção de Dire­ito Pri­va­do
Des. Artur César Beretta da Sil­veira

Esco­la Paulista da Mag­i­s­tratu­ra
Cha­pa: Des. José Maria Câmara Júnior

Café com Juristas da Comunidade de Juristas de Língua Portuguesa

Café com Juristas da Comunidade de Juristas de Língua Portuguesa

Na últi­ma terça-feira, dia 9 de novem­bro de 2021, real­i­zou-se o Café com Juris­tas (Mane cum Iuriscon­sul­tis) da Comu­nidade de Juris­tas de Lín­gua Por­tugue­sa.

Anual­mente, sem­pre sob a coor­de­nação de seu Secretário-Ger­al, o jurista Nel­son Faria de Oliveira, Acadêmi­co Hon­orário da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, A CJLP real­iza seu encon­tro, de que par­tic­i­pam mem­bros da enti­dade, bem como juris­tas das Améri­c­as, da Europa, da Ásia, da Ocea­nia e da África, para tro­car ideias e pro­je­tos comuns à cres­cente par­tic­i­pação dos juris­tas de lín­gua por­tugue­sa no con­cer­to inter­na­cional da ciên­cia do dire­ito e da jurisprudên­cia.

Neste ano, o encon­tro ocor­reu no Hotel Vila Galé Paulista, em São Paulo, retoman­do os encon­tros pres­en­ci­ais, após o lon­go tem­po de quar­ente­na dev­i­da à pan­demia da Covid-19.

Na ocasião, a con­vite da CJLP e por sug­estão de seu Secretário-Ger­al, Alfre­do Attié, Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito pro­feriu a palestra “Dire­ito e Con­sti­tu­ição em Crise ou Sociedade em Trans­for­mação.

O encon­tro foi semi-pres­en­cial, par­tic­i­pan­do os juris­tas res­i­dentes fora de São Paulo e do Brasil , assim, na Itália, em Por­tu­gal, em Ango­la, São Tomé e Príncipe, Moçam­bique, Chi­na e sua região admin­is­tra­ti­va espe­cial Macau, por video-conexão.

Em São Paulo, par­tic­i­param  do encon­tro pro­fes­sores e pro­fes­so­ras de impor­tantes Uni­ver­si­dades, como a Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca de São Paulo, a Uni­nove, mem­bros do Min­istério Públi­co, mem­bros da Mag­i­s­tratu­ra fed­er­al, advo­gadas e advo­ga­dos, rep­re­sen­tantes de impor­tantes enti­dades, como a Asso­ci­ação Brasileira de Advo­ga­dos, a Ordem dos Advo­ga­dos do Brasil, a Comis­são de Relações Inter­na­cionais de San­to Amaro, jor­nal­is­tas, mem­bros da CJLP, além de Acadêmi­cos da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito.

Breve e ele­gante rela­to do even­to tão bem coor­de­na­do pela jurista Natália Faria de Oliveira, pode ser lido na col­u­na de Valéria Calente, em Cartão de Visi­ta News, neste link .

Após apre­sen­tação de Nel­son Faria de Oliveira, Alfre­do Attié dis­cor­reu sobre o tema “Dire­ito e Con­sti­tu­ição em Crise ou Sociedade em Trans­for­mação,” em que reto­mou con­ceitos e per­spec­ti­vas que vem desen­vol­ven­do em seus tra­bal­hos recentes, entre os quais o livro que aca­ba de ser pub­li­ca­do pela Edi­to­ra Tirant Lo Blanch, ATTIÉ, Alfre­do. Brasil em Tem­po Acel­er­a­do: Políti­ca e Dire­ito. São Paulo: Tirant, 2021, e o arti­go  ATTIÉ, Alfre­do. “Liber­dade, Dis­sensão, Sub­l­e­vação: movi­men­tos, sen­ti­men­tos e ver­sões da políti­ca e do dire­ito” a sair, no iní­cio do próx­i­mo ano, na coletânea orga­ni­za­da pelos pro­fes­sores da Uni­ver­si­dade de São Paulo  C. Per­rone-Moisés, E.A.P. da C. Boi­teux, N. Ranieri, A.M. Solon, F.M. de Almei­da e G.F. de C. Mona­co, Estu­dos em Hom­e­nagem ao Pro­fes­sor Cel­so Lafer. São Paulo, no pre­lo, 2022; além do ver­bete ATTIÉ, Alfre­do. “Liber­dade” , a ser pub­li­ca­do, ain­da no pre­sente ano de 2021, no vol­ume orga­ni­za­do pelo Pro­fes­sor e Acadêmi­co da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito Wag­n­er Balera para a Enci­clopé­dia Jurídi­ca PUC: Vol­ume Dire­itos Humanos. São Paulo: PUCSP, 2021, disponív­el on line.

O even­to pode ser assis­ti­do por meio de aces­so a este link.

Academia Paulista de Direito presta homenagem a brasileiras e brasileiros cientistas

Academia Paulista de Direito presta homenagem a brasileiras e brasileiros cientistas

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, por seu Pres­i­dente e Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas„ pres­ta hom­e­nagem aos brasileiros e brasileiras que recusaram rece­ber a medal­ha do méri­to cien­tí­fi­co e protes­taram cora­josa­mente con­tra atos de um gov­er­no que nasceu e se tor­na, a cada dia, mais ilegí­ti­mo.

São os cien­tis­tas:

Aldo Ânge­lo Mor­eira Lima,
Aldo José Gor­gat­ti Zarbin,
Alfre­do Wag­n­er Berno de Almei­da ,
Ander­son Stevens Leonidas Gomes,
Angela De Luca Rebel­lo Wagen­er, 
Car­los Gus­ta­vo Tamm de Arau­jo Mor­eira, 
Cesar Gomes Vic­to­ra,
Clau­dio Landim,
Fer­nan­do Gar­cia de Melo,
Fer­nan­do de Queiroz Cun­ha,
João Can­di­do Porti­nari,
José Vicente Tavares dos San­tos, 
Luiz Anto­nio Mar­tinel­li,
Maria Paula Cruz Schnei­der,
Marília Oliveira Fon­se­ca Goulart,
Neusa Hama­da,
Paulo Hilário Nasci­men­to Sal­di­va,
Paulo Sér­gio Lac­er­da Beirão,
Pedro Leite da Sil­va Dias,
Regi­na Pekel­mann Markus, e
Ronald Cin­tra Shel­lard,

que fir­maram Car­ta Aber­ta, esclare­cen­do os motivos da recusa em rece­ber uma das mais impor­tantes con­dec­o­rações repub­li­canas brasileiras, toma­da, lamen­tavel­mente, pelo atu­al gov­er­no como arma de pro­pa­gan­da e perseguição políti­ca e ide­ológ­i­ca, ver­dadeira cen­sura.

A Car­ta é repro­duzi­da a segur:

Os cien­tis­tas abaixo assi­na­dos, con­dec­o­ra­dos com a Ordem Nacional do Méri­to Cien­tí­fi­co, em decre­to pres­i­den­cial de 3 de novem­bro de 2021, vêm a públi­co declarar sua indig­nação, protesto e repú­dio pela exclusão arbi­trária dos cole­gas Adele Schwartz Ben­za­k­en e Mar­cus Viní­cius Guimarães de Lac­er­da da lista de agra­ci­a­dos, em novo decre­to pres­i­den­cial na data de 5 de novem­bro de 2021. Tal exclusão, ina­ceitáv­el sob todos os aspec­tos, tor­na-se ain­da mais con­denáv­el por ter ocor­ri­do em menos de 48 horas após a pub­li­cação ini­cial, em mais uma clara demon­stração de perseguição a cien­tis­tas, con­fig­u­ran­do um novo pas­so do sis­temáti­co ataque à Ciên­cia e Tec­nolo­gia por parte do Gov­er­no vigente.

Enquan­to cien­tis­tas, não com­pactu­amos com a for­ma pela qual o nega­cionis­mo em ger­al, as perseguições a cole­gas cien­tis­tas e os recentes cortes nos orça­men­tos fed­erais para a ciên­cia e tec­nolo­gia têm sido uti­liza­dos como fer­ra­men­tas para faz­er retro­ced­er os impor­tantes pro­gres­sos alcança­dos pela comu­nidade cien­tifi­ca brasileira nas últi­mas décadas.

Como bem pon­tu­aram a Acad­e­mia Brasileira de Ciên­cias e a Sociedade Brasileira para o Pro­gres­so da Ciên­cia, em notas divul­gadas no dia 5/11/2021, a Ordem Nacional do Méri­to Cien­tí­fi­co, fun­da­da em 1993, é um instru­men­to de Esta­do para recon­hecer con­tribuições cien­tí­fi­cas e téc­ni­cas de per­son­al­i­dades brasileiras e estrangeiras. A indi­cação de mem­bros agra­ci­a­dos é real­iza­da por uma Comis­são, for­ma­da por três mem­bros indi­ca­dos pelo Min­istério da Ciên­cia, Tec­nolo­gia e Ino­vação, três mem­bros indi­ca­dos pela Acad­e­mia Brasileira de Ciên­cias e três mem­bros indi­ca­dos pela SBPC. Nos­sos nomes foram hon­rosa­mente indi­ca­dos por essa comis­são, reuni­da em 2019. O méri­to cien­tí­fi­co (como não pode­ria deixar de ser) foi o úni­co parâmetro con­sid­er­a­do para a inclusão de um nome na lista. Con­sid­er­amos, por­tan­to, grat­i­f­i­cante nos­sa pre­sença nes­sa lista, e ficamos extrema­mente hon­ra­dos com a pos­si­bil­i­dade de ser­mos agra­ci­a­dos com um dos maiores recon­hec­i­men­tos que um cien­tista pode rece­ber em nos­so país. Entre­tan­to, a hom­e­nagem ofer­e­ci­da por um Gov­er­no Fed­er­al que não ape­nas igno­ra a ciên­cia, mas ati­va­mente boico­ta as recomen­dações da epi­demi­olo­gia e da saúde cole­ti­va, não é con­dizente com nos­sas tra­jetórias cien­tí­fi­cas. Em sol­i­dariedade aos cole­gas que foram sumari­a­mente excluí­dos da lista de agra­ci­a­dos, e con­dizentes com nos­sa pos­tu­ra éti­ca, renun­ci­amos cole­ti­va­mente a essa indi­cação.

Out­rossim, dese­jamos expres­sar nos­so recon­hec­i­men­to às indi­cações da Acad­e­mia Brasileira de Ciên­cias e da Sociedade Brasileira para o Pro­gres­so da Ciên­cia, enti­dades que têm respeito duradouro em defe­sa da Ciên­cia, Tec­nolo­gia e Ino­vação na sociedade brasileira. Esse ato de renún­cia, que nos entris­tece, expres­sa nos­sa indig­nação frente ao proces­so de destru­ição do sis­tema uni­ver­sitário e de Ciên­cia e Tec­nolo­gia. Agi­mos con­scientes no intu­ito de preser­var as insti­tu­ições uni­ver­sitárias e cien­tí­fi­cas brasileiras, na con­strução do proces­so civ­i­liza­tório no Brasil. 

Brasil, 6 de novem­bro de 2021

Em sol­i­dariedade, a Acad­e­mia Paulista de Dire­ito tam­bém pres­ta hom­e­nagem à cien­tista Adele Schwartz Ben­za­k­en e ao cien­tista Mar­cus Viní­cius Guimarães de Lac­er­da, que foram excluí­dos de modo arbi­trário da lista de agra­ci­a­dos com a mes­ma Ordem Nacional  do Méri­to Cien­tí­fi­co.

Ain­da, o cien­tista Paulo Sér­gio Lac­er­da Beirão envi­ou car­ta ao Min­istro da  Ciên­cia e Tec­nolo­gia, man­i­fe­s­tando seu descon­for­to com a exclusão dos cien­tis­tas que praticaram a “Boa Ciên­cia” e que teri­am desagrada­do o “atu­al ocu­pante do palá­cio do planal­to.”

Ati­tudes como a aqui cel­e­bra­da dig­nifi­cam a cidada­nia, a con­strução digna da história da ciên­cia, e mostram a lig­ação fun­da­men­tal que deve haver entre as ativi­dades que se desen­volvem no mun­do e o com­pro­mis­so com a democ­ra­cia e os dire­itos humanos.

A Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, ao prestar esta hom­e­nagem enfa­ti­za sua enér­gi­ca defe­sa e con­sis­tente afir­mação do Esta­do democráti­co de Dire­ito.

A ciên­cia é um dire­ito humano.

 

São Paulo, 10 de novem­bro de 2021, no Dia Mundi­al da Ciên­cia.

 

Alfre­do Attié

Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas

Pres­i­dente 

A Sociologia, o Direito, a Justiça e os Caminhos de Transformação: Alfredo Attié conversa com Pedro Scuro

A Sociologia, o Direito, a Justiça e os Caminhos de Transformação: Alfredo Attié conversa com Pedro Scuro

Prossegue a Série sobre “Brasil 200 Anos” da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Cadeira San Tia­go Dan­tas.

NO dia 3/11, tive­mos a con­ver­sa entre o jurista e filó­so­fo Alfre­do Attié, Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito e Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas, e o sociól­o­go e jurista Pedro Scuro, sobre “Brasil 2022 Justiça Penal.”

Qual foi o pas­sa­do da justiça penal e do dire­ito penal brasileiros, qual o seu con­tex­to social, políti­co, econômi­co, jurídi­co, o que expli­ca seu panora­ma atu­al, quais as mudanças trazi­das pela tec­nolo­gia, os algo­rit­mos, a medi­ação, o que é a sua a crise atu­al, quais são as tendên­cias, per­spec­ti­vas, cam­in­hos e son­hos para seu futuro?

Na Série da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito “Inde­pendên­cia? Ree­screven­do a História e Redesen­han­do o Futuro”, con­ce­bi­da por Attié para preparar a cel­e­bração críti­ca dos 200 anos do Brasil, e que tem, nesse encon­tro, seu déci­mo-primeiro pro­gra­ma.

Pedro Scuro estu­dou na Uni­ver­si­dade de São Paulo, depois em Pra­ga, onde se espe­cial­i­zou com sociól­o­gos que par­tic­i­param da Pri­mav­era de Pra­ga e pre­conizavam autono­mia da Soci­olo­gia em relação à dout­ri­na ofi­cial, o mate­ri­al­is­mo históri­co. Reini­ciou o doutora­do na Ale­man­ha com René König , men­tor da Esco­la de Colô­nia. Como o Min­istério das Relações Exte­ri­ores do Brasil se recusa­va a lhe dar pas­s­aporte, foi obri­ga­do a deixar a Ale­man­ha e con­cluir o doutora­do na Uni­ver­si­dade de Leeds, a con­vite de Zyg­munt Bau­man e Jerome Ravetz. Com apoio do Barão Edward Boyle, reitor da uni­ver­si­dade e min­istro de Edu­cação e Ciên­cia con­seguiu autor­iza­ção para tra­bal­har como pro­fes­sor do Cor­pus Christi Catholic Col­lege e depois do Leeds City Col­lege. Quan­do voltou a São Paulo tornou-se pro­fes­sor e dire­tor de pesquisas da Fun­dação Esco­la de Soci­olo­gia e Políti­ca (São Paulo), e em segui­da mem­bro da coor­de­nação e con­sul­tor em for­mação de recur­sos humanos do Pro­je­to MERCOSUL (PNUD, Min­istério das Relações Exte­ri­ores e Uni­ver­si­dade de São Paulo). Foi vice-pres­i­dente do Foro Sindi­cal do MERCOSUL, con­sul­tor de orga­ni­za­ções de tra­bal­hadores, e atual­mente dire­tor da União dos Aposen­ta­dos em Trans­portes Cole­tivos e de Car­gas de São Paulo. Na admin­is­tração públi­ca serviu como asses­sor espe­cial na Sec­re­taria de Esta­do de Relações do Tra­bal­ho e for­mu­lou, com a Orga­ni­za­ção Inter­na­cional do Tra­bal­ho, as dire­trizes dos pro­je­tos brasileiros de errad­i­cação da mão-de-obra infan­til na lavoura de cana-de-açú­car. Pro­je­tos que der­am ense­jo às políti­cas de bol­sa-esco­la e foram incor­po­ra­dos, dez anos depois, ao Pro­gra­ma Bol­sa Família. Nesse mes­mo perío­do foi tam­bém secretário adjun­to da Sec­re­taria de Esta­do de Admin­is­tração e Mod­ern­iza­ção do Serviço Públi­co (SP).

Con­ce­bidos por Attié, os pro­gra­mas refletem a respeito do Bicen­tenário do Brasil, tratan­do de diver­sos temas, entre a história, a filosofia, o dire­ito, a políti­ca, a econo­mia, as artes, as cul­turas e as ciên­cias, inda­gan­do o que fize­mos até aqui e o que podemos faz­er, nós, brasileiros e brasileiras.
Alfre­do Attié ini­ciou esse proces­so de reflexão sobre a história brasileira, em seus aspec­tos políti­cos, jurídi­cos e con­sti­tu­cionais, des­de o iní­cio de sua for­mação acadêmi­ca, ten­do pro­pos­to a tare­fa de repen­sar os fun­da­men­tos da con­strução do que chamamos de Brasil, para os 200 anos da assim con­sid­er­a­da inde­pendên­cia políti­ca, logo ao tomar posse da Presidên­cia da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, em 2017. Polí­ma­ta por vocação, Attié é jurista, filó­so­fo, pesquisador, pro­fes­sor  e escritor, doutor em filosofia da Uni­ver­si­dade de São Paulo, onde estu­dou dire­ito e história, além de ter estu­da­do, pesquisa­do e leciona­do em vários país­es estrangeiros, entre os quais, Por­tu­gal, Esta­dos Unidos, Inglater­ra, Ale­man­ha, Itália, Áus­tria, França, Itália, Tailân­dia, Indonésia e Argenti­na, além de pub­li­ca­do arti­gos e pro­feri­do con­fer­ên­cias. É Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas, na qual sucede a Gof­fre­do da Sil­va Telles Jr. Autor dos livros Brasil em Tem­po Acel­er­a­do: Políti­ca e Dire­ito (São Paulo: Tirant Brasil, 2021), e Towards Inter­na­tion­al Law of Democ­ra­cy (Valen­cia: Tirant Lo Blanch, 2021). Escreveu, ain­da, A Recon­strução do Dire­ito: Existên­cia. Liber­dade, Diver­si­dade (Por­to Ale­gre: Fab­ris), livro de 2003, estu­do, elab­o­ra­do nos anos 1980, pio­neiro sobre o tema da alteri­dade e de críti­ca à antropolo­gia do dire­ito e à per­manên­cia do colo­nial­is­mo, avançan­do na abor­dagem de temas hoje tão caros aos pen­sa­men­to de(s)colonial; e Mon­tesquieu (Lis­boa: Chi­a­do), estu­do, tam­bém pio­neiro, sobre a vin­cu­lação de esti­lo e pro­je­to políti­co, no sécu­lo das Rev­oluções e do nasci­men­to do con­sti­tu­cional­is­mo, livro lança­do em 2018.

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O video inte­gral da con­ver­sa pode ser vis­to, aqui, no YouTube.

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Nota Técnica de Acompanhamento da situação jurídico-política em Guarujá

Nota Técnica de Acompanhamento da situação jurídico-política em Guarujá

Local­iza­do na Ilha de San­to Amaro, e abrangen­do, ain­da, o dis­tri­to de Vicente de Car­val­ho„ o municí­pio de Guaru­já é o ter­ceiro mais pop­u­loso da região met­ro­pol­i­tana da Baix­a­da San­tista, logo atrás de São Vicente e de San­tos. Dota­do de belezas nat­u­rais, entre a Ser­ra do Mar e famosas pra­ias, a estân­cia bal­n­earia  é toma­da por um con­tin­gente notáv­el de tur­is­tas, sobre­tu­do vin­dos da Cap­i­tal  e de todo o Esta­do paulista. Esse inter­esse em des­fru­tar do bom cli­ma e da natureza litorânea lev­ou a uma expan­são imo­bil­iária e hoteleira excep­cional, de tal sorte que é comum tan­to o con­hec­i­men­to quan­to a pre­ocu­pação a respeito da situ­ação políti­ca e das questões econômi­cas e soci­ais da cidade.

A região e a cidade estão vin­cu­ladas à história do proces­so de col­o­niza­ção brasileiro, sendo cer­to que Guaru­já teve um cresci­men­to impor­tante, sobre­tu­do no cur­so do sécu­lo XX, graças a obras viárias e de infraestru­tu­ra que facil­i­taram o aces­so de moradores e vis­i­tantes.

Recen­te­mente, porém, a políti­ca munic­i­pal tornou-se foco da atenção nacional, ten­do em vista o proces­so e impeach­ment, em cur­so, lev­a­do a cabo pela Câmara dos Vereadores, em face de atos con­sid­er­a­dos como crime de respon­s­abil­i­dade, que são inves­ti­ga­dos tan­to pelo Poder Leg­isla­ti­vo munic­i­pal quan­to pela polí­cia judi­ciária.

Segun­do infor­ma a impren­sa e o site da Câmara Munic­i­pal (veja, aqui), hou­ve “aprovação por una­n­im­i­dade de instau­ração de Comis­são Proces­sante” em Sessão Ordinária “após denún­cia for­mu­la­da pelo Par­tido Democráti­co Tra­bal­hista — PDT, por inter­mé­dio de seu Pres­i­dente,  para apu­rar even­tu­ais irreg­u­lar­i­dades rela­cionadas à Orga­ni­za­ção Pró-vida, à empre­sa AM da Sil­va Serviços Admin­is­tra­tivos Ltda., à  ACENI — Insti­tu­to de Atenção à Saúde e Edu­cação e pos­sív­el envolvi­men­to do Prefeito Munic­i­pal.” A comis­são proces­sante ain­da anal­is­aria a defe­sa do Prefeito, a par de tomar o depoi­men­to de teste­munhas e rep­re­sen­tante.

Na véspera da cel­e­bração dos duzen­tos anos da Inde­pendên­cia brasileira, cujos atos deci­sivos, rel­a­ti­va­mente ao rompi­men­to dos laços com a Metró­pole por­tugue­sa, envolver­am a pas­sagem do estão Príncipe pela Baix­a­da San­tista,  a par da lig­ação com as per­son­agens envolvi­das no proces­so de for­mação do novo País, é nat­ur­al que os olhos da nação este­jam volta­dos para o espaço geográ­fi­co e para as vicis­si­tudes históri­c­as de tão impor­tante região.

É com pre­ocu­pação, por­tan­to, que a Presidên­cia  da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito obser­va ess­es even­tos recentes, bem como a situ­ação sócio-econômi­ca da Baix­a­da, um dos mais impor­tante ter­ritório do País, vis­to sob todos pon­tos de vista.

Bem por essa razão, acom­pan­hará o des­fe­cho da situ­ação, pon­deran­do sobre a neces­si­dade de  atenção e atu­ação con­stante dos princí­pios con­sti­tu­cionais con­for­madores do Esta­do Democráti­co de Dire­ito, assim, a rule of law, a democ­ra­cia e os dire­itos fun­da­men­tais, den­tre os quais se elen­cam os ati­nentes à Admin­is­tração públi­ca, pos­tos no arti­go 37 e pas­sim da Con­sti­tu­ição Fed­er­al.

 

 

 

José de Abreu em “Brasil 200 Anos“da Academia Paulista de Direito

José de Abreu em “Brasil 200 Anos“da Academia Paulista de Direito

Abrindo o mês de novem­bro de ativi­dades da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, , a pre­sença espe­cial de José de Abreu, na Série “Brasil 200 Anos”, da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, Cadeira San Tia­go Dan­tas.

Nes­ta 2a.feira, dia 1º de novem­bro, às 20 horas, ter­e­mos a con­ver­sa entre o jurista e filó­so­fo Alfre­do Attié, Pres­i­dente da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito e Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas, e o ator e ativista políti­co José de Abreu, sobre “Brasil 2022 Arte Cul­tura.”

Como nos out­ros pro­gra­mas da Série, este procu­rará enfrentar as seguintes per­gun­tas: Qual foi o pas­sa­do da arte e da cul­tura brasileiras, o que sig­nifi­ca a crise atu­al, quais são as tendên­cias, per­spec­ti­vas, cam­in­hos e son­hos para seu futuro?

Na Série da Acad­e­mia Paulista de Dire­itoInde­pendên­cia? Ree­screven­do a História e Redesen­han­do o Futuro”, con­ce­bi­da por Attié para preparar a cel­e­bração críti­ca dos 200 anos do Brasil, e que tem, nesse encon­tro, seu déci­mo pro­gra­ma.

Trans­mis­são ao vivo, aqui no Face­book, neste link. 

O video inte­gral da con­ver­sa pode ser vis­to, aqui, no YouTube.

Todos os pro­gra­mas podem ser vis­tos e revis­i­ta­dos, na playlist do YouTube.

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José de Abreu  ini­ciou sua vida na dra­matur­gia no Teatro da Uni­ver­si­dade Católi­ca — TUCA, em São Paulo, com a peça Morte e Vida Sev­e­ri­na, de João Cabral de Melo Neto , musi­ca­da por Chico Buar­que, em 1967. Ao mes­mo tem­po, cur­sa­va Dire­ito na Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca de São Paulo ‑PUCSP. Um ano depois, ele esta­va nos pal­cos e nas telas de cin­e­ma como profis­sion­al. Mas sua car­reira teve que ser  inter­romp­i­da, por causa de sua mil­itân­cia políti­ca. Abreu foi pre­so em con­gres­so da União Nacional dos Estu­dantes — UNE, per­tenceu à Ação Pop­u­lar e deu apoio logís­ti­co à VAR-Pal­mares — Van­guar­da Arma­da Rev­olu­cionária, um grupo de esquer­da que com­ba­t­ia com ações armadas o regime mil­i­tar. Na mes­ma época, tam­bém par­ticipou do movi­men­to hippie.Foi obri­ga­do a se exi­lar na Europa em 1968, retor­nan­do em 1974 indo morar em Pelotas, RS, ter­ra natal de sua então mul­her, a atriz e pro­fes­so­ra de teatro Nara Keis­er­man. Ambos dão aulas na Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Pelotas, mas logo se mudam para Por­to Ale­gre, onde ele pro­duz shows musi­cais e ence­na peças infan­tis. É dele, jun­to com Nara, a primeira mon­tagem no Rio Grande do Sul de Os Saltim­ban­cos, de Chico Buar­que. Com o suces­so do filme A Intrusa, fil­ma­do em Urugua­iana, RS, começa a faz­er nov­e­las na Rede Globo. Em 2004, inter­pre­tou o mis­te­rioso Josi­val­do na nov­ela Sen­ho­ra do Des­ti­no. Em 2006, jun­ta-se ao dire­tor Luiz Arthur Nunes, para cri­ar Fala, Zé!, monól­o­go teatral em que pas­sa sua ger­ação a limpo, cruzan­do biografia e ficção. Ain­da nesse ano, causa polêmi­ca durante a cam­pan­ha pres­i­den­cial, ao pedir, num encon­tro políti­co, pal­mas para o dep­uta­do cas­sa­do José Dirceu que, aliás, não esta­va pre­sente.

Em 2011, viveu Mil­ton em Insen­sato Coração e, em 2012, o per­son­agem Nilo em Aveni­da Brasil. Em 2013, inter­pre­ta o vilão Ernest Hauser em Joia Rara, mas no meio da tra­ma, deixa de ser vilão prin­ci­pal para ser do bem. No mes­mo ano, inter­pre­tou o con­tra­ban­dista Gerôn­cio Durão em O Den­tista Mas­cara­do.Em 2014 inter­pre­tou Bernar­do Rezende em O Rebu. Em 2015, inter­pre­tou o indus­tri­al Gib­son Stew­art, o grande vilão de A Regra do JogoEm 2018, inter­pre­tou o baiano Dodô, patri­ar­ca da família Fal­cão em Segun­do Sol. No ano seguinte, inter­pre­tou o empresário Otávio em A Dona do Pedaço; seu per­son­agem pop­u­lar­i­zou os ter­mos sug­ar baby e sug­ar dad­dy , para des­ig­nar o“homem rico e mais vel­ho que sus­ten­ta mul­her mais jovem em tro­ca de sexo”.

Na políti­ca, defend­eu causas e can­di­dat­uras impor­tantes no pro­tag­o­nis­mo da con­strução e con­sol­i­dação  de uma sociedade mais jus­ta, igual­itária, livre e solidária.

Con­ce­bidos por Attié, os pro­gra­mas refletem a respeito do Bicen­tenário do Brasil, tratan­do de diver­sos temas, entre a história, a filosofia, o dire­ito, a políti­ca, a econo­mia, as artes, as cul­turas e as ciên­cias, inda­gan­do o que fize­mos até aqui e o que podemos faz­er, nós, brasileiros e brasileiras.
Alfre­do Attié ini­ciou esse proces­so de reflexão sobre a história brasileira, em seus aspec­tos políti­cos, jurídi­cos e con­sti­tu­cionais, des­de o iní­cio de sua for­mação acadêmi­ca, ten­do pro­pos­to a tare­fa de repen­sar os fun­da­men­tos da con­strução do que chamamos de Brasil, para os 200 anos da assim con­sid­er­a­da inde­pendên­cia políti­ca, logo ao tomar posse da Presidên­cia da Acad­e­mia Paulista de Dire­ito, em 2017. Polí­ma­ta por vocação, Attié é jurista, filó­so­fo, pesquisador, pro­fes­sor  e escritor, doutor em filosofia da Uni­ver­si­dade de São Paulo, onde estu­dou dire­ito e história, além de ter estu­da­do, pesquisa­do e leciona­do em vários país­es estrangeiros, entre os quais, Por­tu­gal, Esta­dos Unidos, Inglater­ra, Ale­man­ha, Itália, Áus­tria, França, Itália, Tailân­dia, Indonésia e Argenti­na, além de pub­li­ca­do arti­gos e pro­feri­do con­fer­ên­cias. É Tit­u­lar da Cadeira San Tia­go Dan­tas, na qual sucede a Gof­fre­do da Sil­va Telles Jr. Autor dos livros Brasil em Tem­po Acel­er­a­do: Políti­ca e Dire­ito (São Paulo: Tirant Brasil, 2021), e Towards Inter­na­tion­al Law of Democ­ra­cy (Valen­cia: Tirant Lo Blanch, 2021). Escreveu, ain­da, A Recon­strução do Dire­ito: Existên­cia. Liber­dade, Diver­si­dade (Por­to Ale­gre: Fab­ris), livro de 2003, estu­do, elab­o­ra­do nos anos 1980, pio­neiro sobre o tema da alteri­dade e de críti­ca à antropolo­gia do dire­ito e à per­manên­cia do colo­nial­is­mo, avançan­do na abor­dagem de temas hoje tão caros aos pen­sa­men­to de(s)colonial; e Mon­tesquieu (Lis­boa: Chi­a­do), estu­do, tam­bém pio­neiro, sobre a vin­cu­lação de esti­lo e pro­je­to políti­co, no sécu­lo das Rev­oluções e do nasci­men­to do con­sti­tu­cional­is­mo, livro lança­do em 2018.

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